77 Sunset Strip Vai Para o Cinema

Da esquerda para a direita: Richard Long, Efren Zimbalist Jr., 
Jacqueline Beer, Roger Smith, Ed Byrnes e Louis Quinn

A Warner prepara a versão cinematográfica da série de detetives do anos 50 chamada "77 Sunset Strip". É uma produção que ficou muito popular em sua época. No Brasil, foi pouco reprisada, talvez por isso uma parte dos fãs de séries não tenham ouvido falar dela. Sua última exibição foi pelo canal Warner, nos anos 90, quando ainda apresentavam séries clássicas. Naquela época, vimos pela última vez, além de "77 Susent Strip", as séries "Hawaiian Eye", "Meu Marciano Favorito", entre outras.

O filme ainda é um projeto em desenvolvimento. Nem tem ainda um roteirista. Mas, segundo o site Deadline Hollywood, o estúdio está em negociações com Stephen Chin e já contratou Greg Berlanti, do filme "Lanterna Verde",  para dirigir e atuar como produtor executivo, em parceria com o escritor A. Scott Berg e Kevin McCormick.

Criada por Roy Huggins a série foi produzida entre 1958 e 1964. Ela fez parte do pacote "Warner Brothers Presents", que o estúdio lançou nos anos 50 assim que chegou à TV. Como seu objetivo era o de ganhar dinheiro sem ter que gastar muito, o estúdio criou várias séries de detetives e faroestes que pudessem reutilizar cenas, especialmente externas, já produzidas para o cinema.

Da equerda para a direita: Ed Byrnes, 
Efren Zimbalist Jr., Roger Smith e Richard Long

Entre as manobras para evitar gastos desnecessariamente, o estúdio adotou a política de apenas encomendar a criação de séries com roteiristas que já faziam parte de sua folha de pagamento, os quais tinham ordens de readaptarem roteiros de filmes antigos ou engavetados, para transformá-los em episódios de séries. Assim, tinham a responsabilidade de fazer roteiros que pudessem atrair o interesse do público, sem comprometer o orçamento baixo.

Em função disso, os roteiristas não foram creditados como autores. Para evitar participação nos lucros ou produtos agregados, bem como os créditos no video, a Warner alegava que os textos já eram deles. Não levavam em consideração o trabalho de adaptação, ou de roteiros que surgiram inspirados em situações ou cenas desses filmes. As séries eram levadas ao ar apenas com os créditos do estúdio: "Warner Brothers Presents". A cada semana entrava no ar séries como "77 Sunset Strip", "Cheyenne", "Maverick", "Hawaiian Eye", "Bourbon Street Beat", "Surfiside 6", entre outras, sem que o nome do autor de cada uma delas aparecesse na tela.

Somente anos depois é que o roteirista Roy Huggins, contratado inicialmente como produtor, processou a Warner para conseguir seus direitos como criador de séries como "77 Sunset Strip" e "Maverick". O processo gerou um precedente, favorecendo outros roteiristas ao longo dos anos; o estúdio foi forçado a reconhecer os direitos desses roteiristas e incluir seus nomes nos créditos. Confiram maiores detalhes sobre esse caso nessa postagem de agosto de 2009.

Da esquerda para a direita: Stu (Zimbalist), Kookie (Byrnes), 
Jeff (Smith), Rex (Long) e Roscoe (Quinn)

Huggins deve estar estourando champanhe lá no céu! Quatro das séries que ele criou ganharam vida própria; se tornaram parte da cultura popular e ganharam remakes ou versões cinematográficas, perpetuando-se para as novas gerações. Ele foi um dos roteiristas da época que melhor soube captar os interesses de mercado e de público.

Além de "77 Sunset Strip", que entrou para a cultura popular e agora ganha um filme, temos "Maverick", que já ganhou versão cinematográfica nos anos 90; tem ainda "O Fugitivo", a primeira série de TV a trabalhar com um arco (história) que seria desenvolvido ao longo das temporadas e resolvido no último episódio. A série ganhou uma versão cinematográfica nos anos 90, a qual é considerada por fãs, como uma das melhores adaptações de uma série de TV até hoje. Também é dele "Arquivo Confidencial", em parceria com Stephen J. Cannell, que ganha um remake esse ano.

Huggins criou a série "77 Sunset Strip" com base em seu livro, "Lovely Lady, Pity Me". O piloto estreou dentro da série antológica "Conflict", produzida entre 1956 e 1957. Depois de muito esforço, Huggins convenceu o estúdio a produzir a série que estreou em 1959.

A história gira em torno de uma agência de detetives de alta classe, liderada por Stu Bailey (Efrem Zimbalist Jr., pai de Stephanie Zimbalist, de "Jogo Duplo/Remington Steele"); Stu era um ex-agente da CIA, com PhD, especialista em línguas, que deu às costas a uma carreira como professor universitário para se tornar detetive particular. Seu sócio era Jeff Spencer (Roger Smith), outro ex-agente, formado em direito, especialista em judô, que se une a Stu para criar uma agência de detetives no local mais glamouroso de Los Angeles: Hollywood.

Foram vários os atores que passaram pelo elenco fixo da série, ajudando Stu e Jeff, entre eles Richard Long,  Robert Logan, Joan Staley e Byron Keith. Mas, os personagens que se destacaram mais foram, Roscoe (Louis Quinn), um apaixonado por corridas de cavalo que vivia de dar palpites sobre o próximo vencedor; Suzanne (Jacqueline Beer), a telefonista francesa; e Kookie (Ed Byrnes), apelido de Gerald Lloyd Kookson III, o frentista do restaurante que ficava ao lado da agência. Sonhando em ser detetive, ele acaba conseguindo uma chance quando se tornou um dos sócios da agência.

Kookie

Havia um motivo especial para que Kookie fosse transformado em detetive em tempo integral. O ator/personagem se transformou rapidamente no ídolo das adolescentes da época. Pense em "Crepúsculo", multiplique por 10 e você terá uma idéia do quanto a televisão com seus programas impregnavam o imaginário dos adolescentes e das crianças da época. Kookie/Byrnes representava o Elvis Presley da TV, embora o coitado não soubesse cantar, se bem que tentou. Aliás, praticamente todos os atores da época (anos 50 e 60) gravavam discos (sabendo cantar ou não).

Recebendo em média 10 mil cartas por semana, o ator se transformou na mina de ouro do estúdio (em termos de televisão). Representando de certa forma a geração adolescente com seus jargões e gírias da época, Kookie ganhou sua própria música, gravada por Connie Steves e por Byrnes: "Kookie, Kookie, Lend Me Your Comb", que significa, "Kookie, Kookie, me empreste seu pente". Isso porque um dos gestos mais marcantes do personagem era tirar o pente do bolso e passá-los pelos cabelos (cheio de brilhantina). A fama fez com o que o ator exigisse que seu personagem se tornasse parte regular das histórias. Depois de muita confusão, o ator conseguiu o que queria e Kookie passou de manobrista a sócio da agência.

Mas, a série caiu em declínio a partir de 1963. O estúdio tentou salvá-la alterando sua estrutura. Na última temporada, Stu deixa a agência e passa a trabalhar como freelancer, viajando pelo mundo resolvendo casos. A Warner abriu os cofres e contratou atores convidados mais conhecidos do grande público na época, bem como novos roteiristas. Mas, a mina de ouro tinha secado. "77 Sunset Strip" foi cancelada em 1964.

Através do comportamento de seus personagens e da trilha sonora, a série representou a cultura de sua época e entrou para a história da TV. Quem tiver a oportunidade de assistir à série, confira o episódio "The Silent Caper", um dos melhores. Escrito por Roger Smith, o episódio é, que eu saiba, o primeiro a não utilizar nenhum (absolutamente nenhum) diálogo, apenas sons e música. O desenvolvimento da ação foi feito de tal forma, que os diálogos seriam intrusivos e desnecessários.

Abertura da série:

Comentários

Alfonso disse…
Acho que vi um ou dois episódios dessa série. Mas, se não engano, não foi na Qarner, e sim, no Sony Channel...

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