Pernell Roberts (1928-2010)
Famoso pela série "Bonanza", o ator faleceu neste último domingo, dia 24 de janeiro, em sua casa em Malibu aos 81 anos de idade vítima de câncer no pâncreas.
Nascido em 18 de maio de 1928, em Wacross, Georgia, Pernell era filho de um vendedor de refrigerantes. De temperamento rebelde, foi expulso uma vez do colégio e duas vezes da Universidade. Ao voltar a estudar, Roberts formou-se em arte dramática, envolvendo-se com a produção de várias peças e apresentando-se em teatros itinerantes. Mais tarde, uniu-se ao Teatro de Arena em Washington, além de outros grupos, até chegar à Broadway com a peça "The Lovers", ao lado de Joanne Woodward. O ator fez um certo nome no meio teatral, ganhando prêmios em produções off-Broadway.
Chegou às telas do cinema em 1958 e à televisão no mesmo ano em participações especiais em séries como "Gunsmoke", 'Cheyenne", "O Paladino da Justiça", "Histórias do Velho Oeste", e "77 Sunset Strip".
Roberts, Lorne Greene, Dan Blocker e Michael Landon em "Bonanza"
Quando recebeu a proposta de interpretar Adam Cartwright em uma nova série a ser filmada à cores chamada "Bonanza", Pernell não se entusiasmou pela idéia. Mas, eventualmente foi convencido a dar uma chance à produção com a qual assinou um contrato de cinco anos. No entanto, desde o primeiro dia de filmagem, o ator começou a criar problemas discutindo constantemente com os roteiristas e produtores exigindo melhor qualidade e veracidade para as histórias apresentadas.
Percebendo que não conseguiria alterar a mentalidade dos responsáveis pela série, Roberts tentou durante anos quebrar seu contrato. Neste meio tempo, recusava-se a dedicar-se por completo em sua atuação, discutindo com os diretores que pediam mais emprenho. O ator chegou ao ponto de não decorar suas falas, precisando de alguém por trás das câmeras para lhe passar o diálogo. Mesmo assim, exigia que fossem produzidos mais episódios centralizados em seu personagem.
Sua atitude era acobertada pelos produtores e colegas de elenco junto à imprensa, algo que contradizia o comportamento de Roberts junto à mídia, visto que o ator costumava falar mal de seu personagem, da série e dos colegas. Ameaças por parte da NBC em processá-lo ou em prejudicar sua carreira não mudaram a atitude do ator em relação à série. Como resultado, ele foi isolado dos demais, não conseguindo criar laços de amizades com ninguém da produção ou do elenco. Durante a produção da série, Roberts ganhou o apelido de "o encrenqueiro de Ponderosa".
Em 1963, com a aproximação do final de seu contrato de cinco anos, Roberts deixou claro sua intenção de não renová-lo. Assim, para substituí-lo, foi criado o personagem de um primo dos Cartwright, Will, que foi interpretado por Guy Williams. O personagem foi introduzido ainda durante a presença de Pernell no elenco para acostumar o público com a futura mudança.
Na montagem do musical "Camelot"
Pernell Roberts tentou dar continuidade à sua carreira no teatro e no cinema, mas nesse meio tempo já tinha ganho a reputação de encrenqueiro. Com isso, ele foi forçado a voltar ao circuito de participações especiais em séries de TV como "A Garota da UNCLE", "James West", "Lancer", "Havaí 5-0", "O Barco do Amor", entre outras.
Em "Hospital", ao lado de Gregory Harrison
Ao longo dos anos 70 Pernell voltou ao teatro atuando em musicais como "The King and I," "The Music Man," 'Kiss Me Kate," "Camelot" e "The Sound of Music". Em 1979 ele conseguiu voltar à TV estrelando uma outra série, "Hospital/Trapper John M.D.", da qual também não gostava, mas desta vez ficou até o final de sua produção em 1986. Na série, ele interpretava "Caçador", personagem de Wayne Rogers em "MASH", que, de volta aos EUA, passou a trabalhar em um hospital ao lado de "Gonzo" Gates, interpretado por Gregory Harrison.
Em 1990 Roberts foi apresentador de "FBI: The Untold Stories", programa de curta duração. O ator aposentou-se no início desta década, sendo que um de seus últimos trabalhos foi em 2001 quando apareceu em "Diagnosis Murder" reinterpretando um personagem que tinha feito para a série "Mannix" no final dos anos 60. Além de ator, Pernell também era cantor, tendo gravado três álbuns, dois para a série "Bonanza", na qual em alguns episódios interpretou várias canções, e um terceiro disco solo em 1962.
Adendo: Defensor dos direitos humanos, Roberts se manifestava frequentemente contra a discriminação racial. Durante a série "Bonanza", costumava exigir dos roteiristas, um maior número de personagens da chamada minoria. Em 1965, Roberts participou de uma passeata ao lado de Martin Luther King Jr., em prol dos direitos civis dos afro-americanos realizada em Selma, Alabama.
Pernell foi casado 4 vezes. A primeira entre 1951 e 1959, com Vera Mowry, professora na Washington State University, com quem teve seu filho, Jonathan Christopher Roberts; falecido em 1989 aos 38 anos de idade vítima de um acidente de moto. A segunda, entre 1962 e 1971 com Judith Anna LeBreque e a terceira entre 1972 e 1996, com Kara Knack. Atualmente, estava casado com Eleanor Criswell, que ficou ao seu lado até o final.
Abaixo, imagens da vida de Pernell Roberts em video feito por uma fã quando o ator completou 80 anos.
Pernell Roberts cantando na montagem especial de "Carousel" para a televisão em 1967
Comentários
Bonanza acabou
Sò nos resta a saudade.
Fui e sou fã de Bonanza uma das melhores deixa muita saudade. Mas podemos matar a saudade no TCM.
Obrigada
Como um pai criava tão bem seus filhos!
Eu adoro. Assistia quando criança e assisto hoje no TCM.
É claro que para os valores atuais a série é mesmo preconcetuosa, machista e violenta, mas naquele tempo éramos inocentes. Porém,um pai como Ben Cartwright, amoroso, sincero, que sabia dar limites aos filhos sem desrespeitá-los, ainda hoje faz toda a diferença.
BEM VINDO AO GRANDE MOMENTO...
Infelismente acabou ....
Ben, Adan , Hoss, Joel que saudades irão deixar...
Possuir uma aura que eternizou esse período, para todo o sempre. A explicação está na forma como o chefe da família: "Ben", conseguia passar os valores que o homem deve ter, e os filhos respondiam de forma positiva aos ensinamentos do pai. Acho que os nossos dias tão turbulentos e com famílias desajustadas, que vivem uma verdadeira "inversão" de valores, fazem fortalecer mais ainda a "luz" que significou e sempre significará a série Bonanza.
Elisama Soares - Manaus/Amazonas?Brasil.
adorava assistir os filmes na minha infancia ,ainda assisto na tv TCM mas fiquei triste com a historia de Robert, pois achava ele um excelente ator e passava a imagem de um intelectual.
Quando vejo Bozanza volto aos meus
l5 anos, que saudade.
Chego a me emocionar,mas tudo passa
passando esses classicos da minha infancia. principalmente BONANZA
Parece ter sido um homem inteligente e sensível. Talvez até demais.
Isso não tira o brilho dos personagens que interpretou, principalmente o inesquecível Adam: inteligente, sóbrio, com humor refinado e lindo.
Deve, de fato, ter se arrependido de algumas atitudes que tomou ao longo da vida, mas, certamente teria se arrependido mais se tivesse passado por essa existência de forma pacífica e sem defender valores que entendia prioritários.
Saudade de você!