Robert Wagner Lança Autobiografia

Falar de séries de televisão e não mencionar Robert Wagner seria uma falha. O ator e produtor contribuiu para que algumas séries chaves para a evolução do gênero pudesse existir. Wagner estrelou ao todo cinco séries: "O Rei dos Ladrões/It Takes a Thief", "Colditz", que é uma produção inglesa, "Switch", "Casal 20/Hart to Hart" e "Culver, Agente de Alto Risco/Lime Street". Através de suas amizades em Hollywood, Robert Wagner atraiu alguns nomes famosos que fizeram participações em suas produções, como foi o caso de Fred Astaire, de quem era amigo desde a infância, e Bette Davis.


Tal qual ocorrera anos antes com "Os Destemidos/I Spy", a série "O Rei dos Ladrões" foi levada a ser filmada em locações na Europa e serviu de laboratório para algumas experimentações estéticas a partir da segunda temporada, produzida em 1968, que não eram comumente exploradas no gênero televisivo. Câmera na mão, visual granulado, imagens congeladas, foram algumas das experiências feitas pelos diretores (alguns europeus) que a série teve.

Fred Astaire e Robert Wagner
em "O Rei dos Ladrões"


No início dos anos 70, Wagner assinou um contrato com a ABC que desejava produzir um filme com ele e Natalie Wood, recém-casados pela segunda vez. Para estrelar o filme, Wagner fez um acordo com a emissora que lhe garantia a produção de qualquer série de TV que ele desejasse estrelar ou produzir. Foi graças a este contrato que surgiu "As Paternas/Charlie´s Angels", que revolucionaria o gênero para as personagens femininas nas séries americanas. Produzida por Aaron Spelling a série teve dificuldades de ser aprovada pela ABC. Sabendo do contrato que Wagner tinha, Spelling o procurou e o convenceu a utilizar o acordo em benefício de "As Panteras", da qual tornou-se produtor associado.

A parceria entre os dois voltaria a render frutos quando Spelling e Wagner produziram, com ele estrelando, a série "Casal 20/Hart To Hart", a qual trouxe uma nova dimensão às produções estreladas por uma dupla masculina e feminina, bem como à personagem da mulher nas séries de aventura.

Esta introdução toda é para trazer para vocês a informação de que Robert Wagner lança agora sua autobiografia. Sob o título de "Pieces of My Heart", ele revela em seu livro algumas informações sobre os bastidores da TV americana bem como sobre sua vida pessoal, a qual também sofreu algumas reviravoltas que se tornaram públicas.

"Switch", com Eddie Albert,
Wagner e Sharon Gless

A família de Wagner mudou-se para Hollywood nos anos 30 quando ele ainda era criança. Aos 16 anos, tentando entrar no cinema, ele fez amizade com várias personalidades da época como Clark Gable, Randolph Scott, Fred Astaire entre outros. Em entrevista à revistas dos anos 60, Wagner comentou ter incomodado tanto os atores e produtores, bajulado tanta gente, que acabou entrando no meio ainda muito jovem.

Robert Wagner e Natalie Wood nos anos 50

Com 22 anos assinou contrato com a Fox que logo o colocou no elenco do filme "O Naufrágio do Titanic". O ator revela em seu livro que durante as filmagens ele fez amizade com a atriz Barbara Stanwick, na época com 45 anos, que se tornou seu primeiro grande amor. Os dois mantiveram uma relação durante quatro anos. Sobre a atriz, Wagner comenta em seu livro que "a coisa mais importante que ela me deu foi um senso de auto-estima", disse ele. De fato a insegurança de Robert Wagner contrastava com sua imagem de galã. Em entrevistas do ator em revistas dos anos 50, ele demonstrava grande preocupação em conseguir "dar certo" como ator e em não ficar preso a um visual.

Robert Wagner conheceu a atriz Natalie Wood ainda nos anos 50. Ele vinha de uma família rica, e ela era atriz infantil que tentava abrir caminho no mundo adulto. Os dois se casaram pela primeira vez em 1957. A imaturidade de ambos levou a um divórcio, influenciado pela infidelidade da atriz que se envolveu com o galã da época, Warren Beatty, irmão de Shirley MacLaine. Beatty e Natalie atuaram juntos em 1961 no filme "Clamor dos Sexos". No ano seguinte, ela se divorciou de Wagner que entrou em depressão.

Com Stephanie Powers em "Casal 20"

Em seu livro ele revela que pensou em assassinato e suicídio. Chegou a pegar uma arma e a ficar estacionado na porta da casa de Warren Beatty. Como ele mesmo comenta no livro, não teve coragem de seguir em frente. Posterioremente Wagner casou-se e teve uma filha, Katie Wagner, hoje apresentadora de programas de celebridade. Natalie também se casou e teve sua filha, Natasha Gregson Wagner, hoje atriz que teve participações em séries como "The 4400" e "Plantão Médico". No início da década de 70 os dois se reencontraram e se casaram novamente em 1972. Desta união nasceu uma menina Courtney Brooke Wagner.

"Lime Street" com Samantha Smith (E), Wagner,
Lew Ayres e Maia Brewton ao centro

No final da década de 70, Wagner retornou à TV com "Casal 20", do qual também era produtor. Ele indicou sua amiga de longa data, Stefanie Powers para o papel, a quem conhecera nos bastidores de filmagens de "Amor Sublime Amor". Powers chegou a fazer parte do elenco durante algumas semanas antes de ser demitida por ser menor de idade. A amizade entre os dois permaneceu a ponto de Stefanie fazer participações nas séries de Wagner. "Casal 20" foi a oportunidade dos dois trabalharem juntos em um elenco fixo. Revistas chegaram a expecular que ambos eram amantes. Não li a biografia do ator ainda, mas pelo que se sabe de suas próprias declarações, eles sempre foram amigos. A relação de amizade de Wagner e Lionel Stander, que interpretava o mordomo Max também vem de longa data.

Auto-exilado do país após ter sido incluído na lista negra da caça aos comunistas, Lionel Stander viveu muitos anos na Europa. Quando "O Rei dos Ladrões" foi filmar por lá Lionel fez participação na série. O convite para atuar em "Casal 20" resultou no retorno de Stander ao país após quase 15 anos de ausência. Pouco depois, um novo escândalo nos bastidores. Uma ex-assistente de Aaron Spelling acusou o produtor de estar desviando o valor a ser pago ao ator Robert Wagner em relação à sua percentagem em "As Panteras" e "Casal 20". A situação foi definida fora da corte.

Em "Two and a Half Men"

Depois de "Casal 20", Robert Wagner estrelou e produziu "Culver - Agente de Alto Risco/Lime Street", que teve em seu elenco a jovem Samantha Smith. Ela não era atriz, mas tornara-se famosa por ter escrito uma carta ao então presidente Yuri Andropov, da União Soviética, revelando seus temores com relação à URSS e aos EUA. Como resultado, Andropov a convidou a visitar seu país. A partir daí, Samantha se tornaria uma espécie de embaixadora mirim da Boa Vontade. Após escrever um livro sobre suas experiências, a menina de 13 anos entrou para o elenco da série "Lime Street", de 1985. Mas uma tragédia determinaria o fim da produção. Samantha e seu pai morreriam em um acidente aéreo do qual não houve sobreviventes.

Poucos anos antes, em 1981, o ator enfrentara uma tragédia pessoal, quando o corpo de Natalie Wood foi encontrado após ela ter desaparecido do barco onde estavam Wagner e Christopher Walken, ator com quem Wood recém estrelara o filme "Brainstorn". Segundo o noticiário da época, Walken e Wagner conversavam quando ela saiu para ir ao banheiro. Seu desaparecimento somente foi notado tarde da noite. Tendo bebido, ela teria caído do iate e se afogado. Não demorou muito para que iniciassem as expeculações a respeito deste fato e chegou a ser levantada na imprensa a hipótese de que Wagner estaria de alguma forma envolvido com sua morte.

Em seu livro, ele comenta pela primeira vez em público os fatos ocorridos naquela noite. Enquanto Walken insistia para que ele permitisse que Natalie se dedicasse mais à sua carreira, Wagner revelava seu temor em perdê-la. Os dois nem perceberam a ausência da atriz. O ator nunca comentou a perda da esposa e buscou consolo na amiga, também de longa data, Jill St. John com quem está casado há 18 anos. Os fãs de séries clássicas devem se lembrar dela em sua participação na série "Batman", como a única personagem vilã a morrer nesta produção voltada à sátira e ao público infantil.

Depois de "Lime Street" Wagner não voltou a estrelar nenhuma outra série. Ao longo dos anos fez participações em séries como "Hope & Faith", "Julie", "Two and a Half Men" e o piloto de "Pretty/Handsome" que não chegou a ser transformado em série. Seu trabalho mais recente é o filme "Prism", em fase de pré-produção.

Comentários

Anônimo disse…
casal 20 fez parte da minha infância. obrigada e parabéns pelo artigo, muito bem redigido e repleto de informações!
Roderick Verden disse…
Excelente matéria. Cheguei até a me arrepiar! Gosto de Robert Wagner, assim como de sua inesquecível Natalie Wood. Curto o "Casal 20". E, bem lembrado: a bela Jill St. John foi a única personagem a morrer na impagável série "Batman". Não sabia que ela era esposa de Robert Wagner.
Parabéns

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