Opinião: Life Unexpected
A série já vinha causando um certo comentário entre a crítica americana que teve acesso ao episódio piloto antes de sua estréia a qual ocorreu ontem à noite, dia 18 de janeiro. Considerada por eles como uma produção que traz um novo frescor às séries do CW, "Life Unexpected" vem com o compromisso de recuperar a credibilidade e o tipo de público que o canal tinha quando ainda era chamado de WB.
Desde que o WB uniu-se à UPN e formou o CW que o perfil da audiência mudou em função da programação oferecida. Passando de produções familiares para uma grade voltada a uma narrativa de novela estreladas por personagens adolescentes-adultos que vivem em meio a luta de poder, luxúria ou ainda séries voltadas para fantasia, terror e ação, o CW foi estreitando seu segmento, deixando de lado um outro tipo de público mais estável em seus interesses.
Esse, por sua vez, o trocou pela ABC Family, que vem conquistando credibilidade de uma audiência composta por jovens e adultos, ao oferecer produções como "The Secret Life of the American Teenager" ou "10 Things I Hate About You" e "Make it or Break It", só para mencionar as mais atuais. São séries que retratam relações saudáveis entre pais e filhos, e, por isso, seu público é mais sólido.
É claro que o objetivo não é só esse. Existe o lado comercial por trás de "Life Unexpected". A série foi construída de forma a conquistar o interesse do pré-adolescente e do adulto jovem, através da identificação destes com os personagens e suas situações. Desta forma, estaria elevando a audiência em dois fronts, atraindo, assim, uma publicidade mais ampla. Se a série conseguirá manter o interesse da audiência, só o tempo dirá, mas, no momento, "Life Unexpected" conseguiu atrair a curiosidade de 2.74 milhões de telespectadores que sintonizaram o CW para conferir a nova produção.
Em uma narrativa que se aproxima de "Gilmore Girls", temos Lux, uma jovem de 15 anos que, após localizar seu pai biológico, o procura dias antes de fazer 16 anos. Seu objetivo é conseguir a assinatura dele em um documento que lhe dará emancipação. Tornando-se legalmente adulta, ela terá a chance de sair do lar adotivo em que se encontra e conseguir emprego com o qual possa pagar suas contas. Um plano simples, que para uma jovem de 15 anos parece ser fácil de ser realizado.
Através de seu pai ela descobre quem é sua mãe e a partir daí uma nova situação se apresenta: a mãe não fazia idéia de que a filha não tinha sido adotada; e a menina não fazia idéia de que sua mãe era uma das pessoas que mais estava próxima dela nos momentos de dificuldades.
O motivo pelo qual Lux inicia sua empreitada é para poder se afastar de um lar adotivo oferecido pelo governo, conhecido como foster care. A referência aqui no Brasil seria o Lar da Criança, mantido pelo governo através da assistência social. A diferença é que no Brasil o Lar da Criança chega a abrigar até 300 crianças (oficialmente), as quais são supervisionadas por funcionários do governo que trabalham nesses locais.
Nos EUA o foster care divide essas crianças em grupos que passam a viver com voluntários, geralmente mulheres solteiras, em suas casas. Esses voluntários recebem ajuda financeira do governo para cuidar e educar cada uma dessas crianças que não conseguiram, por um motivo ou outro, serem adotadas. Também entram nessa leva de crianças aquelas que são retiradas da guarda de seus pais biológicos por maus tratos ou incapacidade, ou mesmo por motivos de detenção dos mesmos.
Mas, o sistema não é infalível. O objetivo é dar às crianças uma sensação de conforto e de pertencer a um lugar, a uma família, já que terá um número menor de crianças com as quais conviver (do que teria em uma instituição pública) e ainda a presença constante de uma figura materna ou paterna (ou ambas).
Mas, muitos desses voluntários se candidatam a se tornarem pais adotivos apenas pelo dinheiro que irá conseguir com cada criança, não se importanto com suas necessidades ou bem estar. E esta é a situação de Lux. Vivendo em uma casa com outras crianças com as quais não tem qualquer laço afetivo, nem tão pouco com a mulher que cuida dela, Lux sonha com o dia que poderá ir embora e cuidar de sua própria vida.
A menina é fruto de uma relação de uma noite; seus pais ainda eram adolescentes quando ela nasceu e foi entregue para adoção. Nenhum dos dois manteve contato ou criou uma relação afetiva entre eles; na verdade, eles sequer se dão bem. Agora, os três se encontram e precisam tomar a decisão do que fazer um com o outro.
Para Cate, o choque ainda é maior, visto que ela tinha certeza de que sua filha estava sendo bem cuidada por alguma família que poderia lhe dar o que ela na época era incapaz de oferecer. Agora, noiva de seu colega de trabalho, ainda temendo compromissos, e sem qualquer instinto materno, ela se vê diante de um futuro marido, uma filha e um ex-amante. Nate, o ex-amante, ainda age como um garotão, sem compromissos, mas dono de seu próprio negócio, um bar, que ele herdou do pai.
Apesar das situações previsíveis, a série traz em sua proposta uma boa temática: a de como se tornar filha ao mesmo tempo que também explora o "manual" de como se tornar pais.O texto é enxuto e apesar da situação proposta, não cai no melodrama. É simples ao lidar com uma questão complicada, mas ao mesmo tempo não deixa de lado os momentos ternos e emotivos, os quais não são "cavados" pelos personagens para conquistar a simpatia do público, e sim pela própria situação que se desenvolve.
A série foi criada por Liz Tegelaar, que foi produtora executiva de "Brothers & Sisters" e "What About Brian". A produção tem 13 episódios iniciais encomendados, estrelados por Brittany Robertson, que na vida real tem 19 anos, Shiri Appleby, de "Roswell", Kristoffer Polaha, de "Miss Guided" e visto em "Mad Men", Kerr Smith, de "Dawson's Creek", e Reggie Austin, de "The Starter Wife".
Comparada ao filme "Juno", a série é apontada como sendo "a filha de Juno que cresceu e encontrou os pais". Mas, na verdade, a menina, Lux, é que é Juno, que ao invés de se descobrir grávida, se torna o bebê que foi dado para adoção.
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Comentários
Enfim, acredito que a série seja um must-see da temporada e vou continuar acompanhando pra ver se a série mantém o nível do pitolo
Simplesmente maravilhosa. Texto rápido, ótimo timming e nenhuma cena do piloto desperdiçada. Não tentou cavar nenhum grande cliffhanger a não ser o próprio plot.
Destaque para o melhor quote do episódio: "Juno? Jamy Lynn?". hehe