Opinião: Men of a Certain Age Nova Série da TNT

Na noite de segunda-feira, dia 7 de dezembro, a TNT americana estreou a série "Men of a Certain Age" que conquistou uma das maiores audiências do ano para o canal. Foram cerca de 5.4 milhões de telespectadores. Não se sabe ainda se a produção conseguirá manter a audiência do primeiro episódio, mas certamente a série merece ser conferida.

Em geral, quando uma pessoa faz muito sucesso na área da comédia é indicado que ela retorne em outro gênero (drama ou aventura) para que seu trabalho não seja submetido à uma comparação do tipo, "ah, ele estava melhor na série X ou Y". A mudança de gênero também evita aprisionar o ator em um determinado tipo de produção. Mas para que isso ocorra, é necessário que o novo trabalho seja tão bom quanto, ou melhor que o anterior.

Andre Braugher, Scott Bakula e Ray Romano

Ray Romano fez nome na televisão ao estrelar a série "Everybody Loves Raymond", que se tornou uma das produções representativas dos anos 90 no gênero comédia. Mesmo quem não ficou fã da série terá que admitir que ela foi bem desenvolvida dentro de sua proposta. Desde de seu encerramento em 2005, Romano manteve-se afastado da televisão, fazendo poucos trabalhos aqui e ali. "Men of a Certain Age" marca seu retorno à telinha, desta vez via cabo, no qual terá maior liberdade de explorar o potencial da série à seu modo, apesar do canal vender espaços publicitários.

"Men of a Certain Age" não chega a ser um drama, é mais uma dramédia, que apresenta um tema dramático com situações leves e até cômicas aqui e ali, sem a necessidade da gargalhada escrachada. A série explora a crise de meia-idade de três amigos que se conheceram nos tempos do colégio. Eles agora beiram a faixa dos 50 e passam por momentos cruciais em suas vidas.

Este tipo de abordagem é, geralmente, explorada pelos personagens femininos que constantemente se questionam sobre suas decisões e sobre seus futuros. Personagens masculinos, tal qual na vida real, costumam evitar este tipo de questionamento, muito embora eles tenham surgido em algumas séries dramáticas aqui e ali desde os anos 80. Sem colocar um peso muito grande na situação, Romano e Mike Royce, co-autor da série, exploram este tema de uma forma mais direta, simples, às vezes com humor, sem beirar a infantilidade ou a auto-piedade.

Joe (Romano) é um recém-divorciado que vive sozinho em um quarto de hotel. Dono de uma loja de produtos para festas, ele abandonou o sonho de se tornar um golfista profissional. Seu casamento acabou porque Joe se transformou em um jogador inveterado. Sentido a falta da esposa e dos dois filhos, Joe passa por uma fase de depressão, a qual o leva a questionar o sentido de sua vida.

De forma simples e com uma sinceridade por vezes desconcertante, Romano traz à vida este personagem que funciona como o narrador desta série, visto que é ele quem faz o movimento de manter os três amigos em contato. Sem querer expor demais sua intimidade, ele deixa escapar aqui e ali seus sentimentos e a confusão mental e emocional pela qual está passando.

Algo que Owen (Andre Braugher) entende muito bem, embora seja difícil para ele conviver abertamente com os problemas do amigo, visto que os seus parecem ser muito mais críticos. Este é o personagem que traz o tom mais dramático da história. Casado, com três filhos pequenos para criar, Owen ainda está preso à sua relação com o pai através do seu trabalho. Ele é um dos vendedores da loja de carros do pai, que exige dele atitudes e posturas as quais não correspondem com a sua natureza.

Apesar de ainda buscar a aprovação paterna, Owen já passou daquela fase de fazer tudo à sua moda. Ele está cansado de lutar, deseja ir embora de um emprego que detesta, mas está proibido, visto que a família depende dele. Owen é diabético, mas não cuida da saúde. Está acima do peso e faz poucos exercícios. Sua situação também o leva a uma depressão, que é compensada apenas pela convivência com os dois amigos. Tendo começado a família mais tarde que o normal, Owen está agora preso às situações típicas de um pai de classe média com crianças pequenas que se chocam com a crise da meia-idade.

Já Terry (Scott Bakula) é aquele homem que carrega a síndrome de Peter Pan. Ele não assumiu ainda sua fase adulta e as responsabilidades que vêm com ela. Agindo como um adolescente, Terry pula de emprego em emprego com a desculpa de que necessita de tempo livre para fazer testes em busca de um trabalho como ator. Sem ter feito carreira nesta área, ele acumula em seu currículo uma lista de comerciais e trabalhos menores. A idade limita suas oportunidades, mas ele finge que não percebe e camufla sua situação se relacionando com mulheres de vinte e poucos anos.

O mais zen do grupo, Terry dedica-se a cuidar da saúde e da boa forma. Com isso, escapou da depressão que a crise da meia-idade traz, mas com certeza chegará o momento em que ele terá que olhar para sua vida e tomar uma decisão.

A narrativa explora o momento presente, passeando pelo passado, através da nostalgia dos personagens ou mesmo da trilha sonora, chegando ao impasse do que será o futuro. Ela não julga seus personagens nem conduz o público a fazê-lo. Trata-se da apresentação de uma situação, sem certo ou errado, que leva ao questionamento. Ação x desejo; realidade x sonhos; juventude x idade, razão x emoção.

A série tem 10 episódios encomendados pelo canal para a primeira temporada, que deverão ser exibidos na sequência até o dia 8 de fevereiro. Tendo conferido os cinco primeiros, a crítica americana recebeu a série de braços abertos, chegando a compará-la a séries como "thirtysomething" ou "Once and Again" e até mesmo ao filme "Sideways".

Também no elenco estão Penelope Ann Miller, como a ex-esposa de Joe; Robert Loggia, como o pai de Joe; Carla Gallo, como uma amiga de Terry; Richard Gant, como o pai de Owen; Lisa Gay Hamilton como a esposa de Owen, e ainda Richard Gant, Brian J. White, Brittany Curran e Kwesi Boakye.


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