A Vila do Prisioneiro Será na África

Patrick McGoohan em Fall Out, último
episódio de "O Prisioneiro"

A nova versão da série "O Prisioneiro" começa a tomar forma com a chegada da equipe de produção à África, local escolhido para a abrigar a ilha, conhecida como Vila, para servir de cenário da minissérie em seis capítulos do canal AMC em parceria com o canal britâncio ITV. Me parece que esta é a segunda série a viajar para a África em busca de locações. O filme que precede a sétima temporada de "24 Horas" também foi filmado por lá.

Estrelada por Jim Caviezel e Ian McKellen, como os números 6 e 2 respectivamente, a minisérie deverá estrear nos EUA em 2009. Criada por Patrick McGoohan em 1965, "O Prisioneiro" estreou em 1966 e teve um total de 17 episódios. Causou uma revolução no gênero ao introduzir pela primeira vez a teoria da conspiração em uma trama fixa, além de trabalhar em vários níveis a leitura de metáforas e signos. A série se tornou um verdadeiro estudo de semiótica e provocou a confissão de executivos da TV Americana que, em convenção da mídia realizada em 1967, reconheceu publicamente, pela primeira e única vez, a superioridade da TV inglesa em relação à americana.

Patrick McGoohan filmava episódios de "Danger Man", também conhecida no Brasil pelo título de "Agente Secreto", quando viu, pela primeira vez, o hotel resort Portmeirion em North Walles. Apaixonou-se pelo lugar e decidiu criar uma história que conseguisse envolver a locação enquanto personagem importante na trama e não apenas um lugar por onde alguém passa. O local foi transformado em ponto de encontro dos fãs de "O Prisioneiro", que ainda realizam convenções no local. Agora, a nova versão escolheu a Àfrica, em um lugar próximo a Swakopmund, para sua versão da Ilha, conhecida como A Vila. Os atores já se reuniram em Londres para realizar a primeira leitura de texto. O encontro foi filmado pela produção do canal AMC que disponibilizou as imagens em video (veja abaixo).

A história gira em torno de um agente secreto que pede demissão do trabalho sem apresentar um motivo. Ele é seqüestrado e levado inconsciente a uma ilha. Sem saber como chegou no local, ele recebe um número, seis, pelo qual passa a ser chamado. Todos os habitantes da ilha também são identificados por número, incluindo o "gerente" do local, o número dois, que tem como missão descobrir os motivos pelos quais o número seis se afastou do trabalho. A cada episódio um novo número dois tentava realizar a missão.

A série propunha várias leituras de interpretação de texto, entre elas: seria o número seis realmente um prisioneiro ou alguém que estava na ilha para testar sua segurança? O final revelador surpreendeu o público que dividiu-se entre extasiados e frustrados, pois não deu muitas explicações aos mistérios e acrescentou novos, proporcionando sua perpetuação na história da televisão inglesa, e porque não, americana, já que ela costuma se basear constantemente na série. A cada tentativa de resolver seus mistérios e decifrar seus códigos (signos), o telespectador tem uma nova leitura da história e dos personagens.

Na época, "O Prisioneiro" trabalhou questões sociais e políticas, bem como pessoais e psicológicas da década de 60, um período turbulento que gerou vários confrontos políticos, sociais e culturais a nível mundial. A nova produção pretende fazer uma releitura desta trama com um olhar do momento presente, em que o ser humano trava uma luta para se adaptar as mudanças políticas e sociais, com a globalização e o terrorismo como cenário. Ainda pretente desenvolver o fator psicológico das influências políticas e tecnológicas sobre o indivíduo que se torna cada vez mais ansioso e isolado do resto do mundo.

Quem gosta de assistir às séries atuais não pode se declarar fã do gênero sem ter conhecido "O Prisioneiro", o pai de tudo o que está acontecendo hoje na TV em termos de idéias, narrativas e tramas. Não sei como vai ser o remake, mas o original é obrigatório, embora seja uma "leitura" que dificilmente cairá no gosto popular.

Comentários

Anônimo disse…
Como você mencionou no post anterior, o povo do cinema realmente está migrando pra TV. Seja série ou minisérie, parece que é isso que está rendendo dinheiro (pra eles)!

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