Zorro, o Musical Estreia em São Paulo

Murilo Rosa

No dia 16 de julho estreia no Teatro das Artes a versão brasileira de "Zorro, The Musical", produção inglesa que teve sua primeira montagem em março de 2008. Com base na obra de Isabel Allende, a montagem traz vários números de danças flamengas, acrobacias, esgrimas e canções compostas pelo grupo The Gipsy Kings; entre elas "Bambeleo," "Baila Me" e "Djobi Djoba".

Na versão brasileira, o personagem do Zorro é interpretado pelos atores Murilo Rosa, que também é o co-produtor da montagem, e por Jarbas Homem de Mello. O segundo substitui o primeiro sempre que as gravações com a novela "Araguaia" o impedem de se apresentar na peça. No elenco também estão Camila Camargo, filha de Zezé Di Camargo, Claudio Curi, Naima, Luiz Araújo e Gerson Steves, no papel do Sargento Garcia. Ao todo são 27 atores no palco que contam com o apoio de uma orquestra de 10 músicos, tendo a direção musical de Willy Verdaguer e direção artística de Roberto Lage, com texto e músicas traduzidas por Vitor Beire.

Na história, Don Diego de La Vega está vivendo entre os ciganos em Barcelona quando recebe a notícia de que seu pai morreu. De volta à Califórnia, acompanhado por seus amigos ciganos, Diego encontra seu irmão, Ramon, que assumiu o posto de alcaide. Como líder do povoado, Ramon se torna um verdadeiro tirano, motivando Diego a criar o herói mascarado Zorro, que tem a missão de derrotar Ramon e salvar seu povo.

A história do Zorro foi publicada pela primeira vez em 1919, criado por  Johnston McCulley. Sua origem é incerta: alguns apontam "O Pimpernel Escarlate/Scarlet Pimpernel" como fonte de inspiração; outros, citam Joaquim Murieda, um bandido mexicano que realmente viveu por volta dos anos de 1800, época em que a história é situada. Ele teria lutado contra as injustiças cometidas contra seu povo, marcando o inimigo com sua espada.


Em 1920, Zorro ganhou sua primeira incursão cinematográfica, ainda na época do cinema mudo (ou silencioso, como queiram). Produzido e estrelado por Douglas Fairbanks, o filme "A Marca do Zorro" teve como base a história "A Maldição de Capistrano", de McCulley.

Uma das grandes contribuições do filme à imagem do personagem, foi a máscara, que na obra literária cobria todo o rosto, enquanto que no filme, cobria apenas os olhos. Dessa forma, o público poderia ver que era o próprio Fairbanks quem realizava todas as ações do personagem, com seu sorriso inconfundível. O ator também decidiu distinguir os dois personagens, Diego e Zorro, dando ao primeiro uma postura afeminada, a qual servia para ludibriar seus inimigos. O sucesso do filme levou McCulley a publicar novas histórias, desta vez moldando o herói à imagem de Fairbanks.


Robert Levinson estrelou a primeira produção de um filme do Zorro para o cinema falado, em 1936, com "The Bold Caballero". Nesse mesmo ano, a Republic Pictures começou a produzir um seriado para o cinema estrelado pelo personagem, que saiu da Califórnia e foi para o Velho Oeste. Entre os atores que deram vida ao personagem nesse período estão John Carroll, George Tuner e Clayton Moore, que mais tarde estrelaria a  produção "The Lone Ranger/O Cavaleiro Solitário", que no Brasil também era conhecida como Zorro.

Em 1940 a Fox produziu uma nova versão da obra de McCulley, desta vez estrelada por Tyrone Power. "A Marca do Zorro", que foi mais fiel à história do livro que o filme de Fairbanks. Após várias versões europeias e histórias em quadrinhos, McCulley vendeu os direitos autorais sobre o personagem e sua história ao amigo Mitchell Goetz, que por sua vez a ofereceu à Walt Disney em 1952.

Guy Williams

Disney estava à procura de histórias que pudesse produzir para a televisão com o objetivo de investir o lucro  em seu novo projeto: um parque de diversões que foi batizado de Disneylândia. Mas, conhecido por sua obra animada, Disney teve dificuldades em convencer um canal de TV a comprar a ideia de uma produção estrelada por atores e produzida pelos estúdios Disney. A ABC impôs a produção de um piloto para avaliação antes de comprar o projeto da série. Disney se negou a fazê-lo e o projeto foi cancelado.

Mais tarde, Disney produziu um telefilme sobre a história de "Davy Crockett". O sucesso estrondoso da produção fez com que mais quatro telefilmes fossem produzidos, gerando o lucro que Walt precisava para dar início à construção da Disneylândia. Mas, no final da década de 50, ele se viu novamente sem recursos financeiros para finalizar a obra, tendo esgotado todas as alternativas de financiamentos. Assim, resgatou o projeto de uma série sobre o Zorro. Estrelada por Guy Williams, a série foi produzida entre 1957 e 1959, sendo cancelada em função de uma disputa financeira entre Walt Disney e a ABC, que acabou nos tribunais.

Duncan Regher

Ao longo dos anos 60 e 70, novos filmes surgiram contando a história do Zorro, entre eles, produções estreladas por Alain Delon e Frank Langella. No Brasil, foi produzida uma série em 1969, chamada "As Aventuras do Zorro", filmada nas instalações da fábrica da Lacta, na Vila Mariana em São Paulo, e exibida pela TV Bandeirantes. José Paulo de Andrade, locutor esportivo da Bandeirantes, ficou responsável em interpretar Zorro/Don Diego; sendo que a série ainda contava com as presenças de Jardel Filho, Suely Franco e Elaine Cristina no elenco.

Em 1981 surgiu a primeira versão animada americana do personagem, com "The New Adventures of Zorro", dublado por Henry Darrow, que voltaria ao personagem em uma nova versão da Disney produzida em 1983: "Zorro and Son", que teve apenas cinco episódios. O ator voltaria, desta vez como o pai de Don Diego (substituindo Efren Zimbalist Jr), na série produzida em 1990, que teve Duncan Regher no papel título.


Em 1983 George Hamilton estrelou uma versão diferente do personagem, com "As Duas Faces do Zorro/Zorro the Gay Blade", que apresenta Diego e seu irmão gêmeo lutando contra o tirano que domina a Califórnia. O problema é que um dos irmãos é gay, enquanto que o outro é um conquistador inveterado.

O sucesso do filme fez com que Guy Williams, agora vivendo na Argentina, cancelasse o projeto que estava desenvolvendo há meses: "Zorro, Vinte Anos Depois". A ideia era voltar a interpretar Zorro em um filme para o cinema, no qual ele interpretaria o velho Don Diego, que passa a responsabilidade a seu filho de dar continuidade à luta do Zorro contra qualquer tirano. O personagem voltaria às telas do cinema em 1996 com o filme estrelado por Antonio Banderas, Anthony Hopkins e Catherine Zeta-Jones.


Em 2005, a chilena Isabel Allende publicou uma biografia fictícia de Don Diego de la Vega/Zorro. Sua obra é um prelúdio à história retratada por Johnston McCulley, na qual apresenta Diego vivendo na Europa onde ele aprende esgrima. Viajando a vários países, ele se envolve com um grupo de ciganos, com quem passa a conviver e a aprender diversos truques os quais o ajudariam mais tarde na composição do herói Zorro.  O musical criado em 2008 e que agora chega ao Brasil tem como base esse livro.

"Zorro, o Musical"
Teatro das Artes
Av. Rebouças, 3970
Shopping Eldorado - 3º piso
Sextas e Sábados, às 21h; domingos, às 19h
Ingressos: R$ 60 a R$ 140.
Fone: 11. 4003-2330

Por curiosidade, para os fãs da série, os videos abaixo apresentam uma homenagem ao ator Guy Williams, que no início dos anos 70, trocou os EUA pela Argentina, onde viveu por cerca de 16 anos. O ator morreu naquele país, tendo seu corpo transladado para os EUA onde foi cremado e suas cinzas espalhadas no mar. Os videos trazem vários momentos da vida de Williams apresentadas pelo programa argentino "Rescate Emotivo", que contou com depoimentos de amigos, entre eles Suzanne Lloyd e Britt Lommond, que trabalharam com ele na série. No último video, o próprio Williams em participação no programa "Victor LaPlace Show", de 1979.





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