The Doctor Blake Mysteries – Um Passeio Pela História
Por: Marta Machado
A Austrália, país mais lembrado por suas praias exuberantes e seus exóticos marsupiais, também tem uma cultura fascinante, e a cidade de Ballarat, no estado de Vitória, a pouco mais de 100 km da capital, Melbourne, reflete tão bem esta riqueza, que foi escolhida como cenário de uma das séries de maior audiência do país: The Doctor Blake Mysteries. No entanto, apesar do sucesso e dos altos índices de audiência, o público e a produção foram pegos de surpresa ao final da quarta temporada com a decisão da ABC (Australian Broadcasting Company) de cancelar a série com um telefilme, após a quinta temporada, lançada em setembro deste ano.
Imediatamente, os fãs se mobilizaram em uma campanha para salvar a série, enumerando as razões para continuar a produção. Os organizadores salientaram o fato de que o programa além de ter altos índices de audiência na Austrália, também é assistido em mais de 130 países, entre os quais Canada, Reino Unido, Estados Unidos e Portugal (no Brasil, infelizmente, não há previsão). Ademais, eles ressaltaram o valor educativo resultante da reprodução precisa dos anos 50, época em que a série se passa, bem como dos fatos históricos citados nela.
Na verdade, The Doctor Blake Mysteries colocou Ballarat no roteiro turístico do país. A popularidade da série na cidade levou à criação do Doctor Blake Walking Tour, uma excursão através da qual o visitante conhece os mesmos locais percorridos por Blake, aprendendo um pouco sobre a história de uma cidade que entrou para o mapa com a corrida do ouro após 1850. A riqueza gerada naquela época permitiu o surgimento de elegantes construções em estilo Vitoriano (1840 a 1890) e Eduardiano (1901 a 1918), presentes em prédios, igrejas, estátuas e jardins vistos na produção.
A ideia para criar Blake surgiu da imaginação do escocês George Adams enquanto caminhava pelas elegantes ruas históricas de Ballarat em uma noite fria de inverno. “Acho muito interessante, do ponto de vista de um personagem, olhar para o lado sombrio daquilo que faz das pessoas o que elas são.” Por isso, essa cidade às escuras lhe pareceu naquele momento o lugar perfeito para uma série sobre misteriosos assassinatos. Seis meses depois, Tony Wright, dono da produtora December Media, lhe disse que a ABC queria uma série naqueles moldes.
Os mistérios começam com a volta do Doutor Lucien Blake (Craig McLachlan) à sua cidade natal Ballarat, em 1959, data escolhida por ser o ano em que Adams nasceu. Era um período interessante da história que ainda não tinha sido bem explorado na TV. Blake então assume a clínica do pai, bem como a posição de médico legista, sob o comando do Superintendente-Chefe Matthew Lawson (Joel Tobeck), que precisa administrar sua constante interferência no trabalho da polícia. Sua insistência em encontrar respostas é geralmente considerada rude. Por isso, seu comportamento impulsivo e sua personalidade inquisitiva atraem o descontentamento de diversas pessoas, inclusive o de sua dedicada governanta Jean Beazley (Nadine Garner), que nos revela: “Ele fala antes de pensar”.
Mesmo assim, pouco sabemos sobre seu passado. Mas aos poucos, descobrimos fatos ocorridos nos 30 anos que esteve ausente. Sabemos, por exemplo, que ele trabalhou em um hospital de Londres, alistou-se no exército Britânico, e atuou no extremo oriente, onde acabou preso, ficando três anos no campo de prisioneiros da cidade de Ban Pong, na Tailândia, durante a ocupação japonesa. Nessa época, casou-se com uma chinesa, Mei Lin, com quem teve uma filha. Infelizmente, ele perdeu completamente o contato com ambas, após a queda de Singapura, que na Segunda Guerra também estava ocupada pelo Japão. Esse passado irá assombrá-lo ao longo de quatro temporadas e será usado contra ele por seus poderosos inimigos.
Seu antigo companheiro de guerra, o major Derek Alderton (Neil Pigot), é um dos primeiros inimigos em sua coleção. O problema começa às vésperas do ANZAC Day, dia dedicado à memória dos soldados das forças armadas da Austrália e da Nova Zelândia (Australian and New Zealand Army Corps) que perderam as vidas durante a Primeira Guerra Mundial. A morte violenta de um legista e o desaparecimento de um corpo no necrotério em The Greater Good (1×2) os coloca em lados oposto quando Blake descobre que o major está por trás dos dois crimes. Sua decepção é ainda maior ao perceber que Alderton está tentando encobrir a contaminação de dois militares por radiação e que seu sargento cumpre cegamente suas ordens de eliminar quaisquer pontas soltas, mesmo que isso custe a vida de Blake.
Daniel Parks (Rick Donald) na Lydiard Street, em Still Waters (1×1)
Assim que chega a Ballarat, ele também antagoniza os membros do Old Colonists’ Club, uma instituição para cavalheiros da qual é membro. O prédio do clube, construído entre 1887 e 1889 para acomodar uma associação de mineradores, fica situado na Lydiard Street North, uma rua caracterizada por prédios erguidos em meados do século 19 graças à prosperidade originada pela corrida do ouro. Desde o começo, o clube mostrou seu senso de filantropia em relação aos membros menos abastados da sociedade, uma tradição mantida até hoje.
Blake, a caminho do Old Colonists’ Club, pela Lydiard Street, com a pintura de uma mulher nua.
Na foto acima vemos um exemplo de como Blake provoca os membros do clube, em particular Patrick Tyneman (John Wood). Ele insiste em exibir uma pintura de uma mulher nua, o que seus conservadores pares não admitem, principalmente depois de saberem que o artista é também uma mulher. Blake tem uma visão atual do papel da mulher na sociedade, muito diferente daquele existente nos anos 50. Naquela época, a mulher era criada para o casamento e as tarefas domésticas. Após a guerra, muitas tiveram que abandonar seus empregos para darem lugar aos maridos que retornavam da batalha. Algumas, no entanto, desafiaram os valores tradicionais e permaneceram no mercado de trabalho. Elas geralmente recebiam menos do que os homens e frequentemente eram empregadas em posições inferiores.
Este tema é abordado no episódio All That Glitters (1×9), quando a enfermeira Mattie O’Brien (Cate Wolfe), uma jovem independente e opinante, contesta a decisão de sua amiga Eadie (Holly Shanahna) de abandonar o emprego após o casamento. De acordo com George Adams, Mattie representa as mudanças da época e da condição das mulheres. O noivo de Eadie, aliás, é suspeito do assassinato de um minerador. Além de uma noite na cadeia por agredir o cônsul britânico, a investigação de Blake o leva a outro ponto de referência na Lydiard Street, o Mining Exchange. O prédio, construído entre 1887 e 1889, foi projetado para a realização de negócios entre as empresas mineradoras durante a Corrida do Ouro. Naquela época, o estilo italianate foi levado ao extremo com o uso excessivo de colunas, balaustradas, entradas amplas e decoração luxuosa, ficando conhecido na Austrália como “Boom Style”, estilo escolhido pelo arquiteto C.D. Figgis para o Mining Exchange.
A situação da mulher na sociedade é destaque no episódio final da temporada, Someone’s Son, Someone’s Daughter (1×10), no qual a primeira médica no Hospital de Ballarat é assassinada. Ela estava prestes a implementar um procedimento que poderia reduzir o número de óbitos em cirurgias. Com sua morte, o conselho administrativo do hospital, formado apenas por homens, recusa o projeto. Uma das enfermeiras comenta sobre as dificuldades de uma mulher em um mundo feito para os homens. Com sua característica impulsividade, Blake acusa erroneamente o respeitado Doutor Geoffrey Nicholson (Russell Fletcher) diante de todos os membros do conselho.
Desta vez, seu comportamento não é perdoado e Lawson recebe ordens expressas de Patrick Tyneman, membro do conselho, para dispensar seus serviços na polícia. Diante de mais uma incoerência de Blake, Jean expressa sua decepção ao constatar que ele está destruindo tudo que seu pai construiu. O momento não poderia ser pior para receber de Xangai a notícia de que sua esposa, a quem procura há anos, está morta. Pouco depois, chega um novo telegrama informando que sua filha, no entanto, foi localizada. Blake então decide partir para encontrá-la, mas deixa uma carta aos amigos dizendo que finalmente encontrou seu lar em Ballarat.
A segunda temporada traz Blake de volta à cidade. Assim que desce do ônibus, ele é chamado à prefeitura, uma grandiosa edificação em estilo neoclássico situado na Sturt Street. Sua pedra fundamental foi colocada em janeiro de 1870, marcando a construção do terceiro prédio da prefeitura, cuja torre ostenta oito sinos (Alfred Bells). Eles foram instalados para homenagear o Príncipe Alfred, Duque de Edimburgo, que sofrera um atentado durante uma visita à cidade em 1867. Mas o novo caso de Blake, em The Heart of the Matter (2×1), embora não envolva a realeza, é muito mais grave, pois trata-se do assassinato do prefeito recém-eleito. Blake imediatamente desconfia de Patrick Tyneman ao ver seu nome associado ao fato. Mas Lawson o adverte a não provocar o figurão, pois a fim de reintegrar Blake, ele prometera manter o médico na linha. Se não o fizer, poderá perder o cargo. Além disso, Lawson o avisa a ter cuidado com o substituto de Daniel Parks (Rick Donald). O novo policial, Charlie Davis (Charlie Cousins), foi transferido para vigiar Blake e o próprio Lawson.
Também de volta à cidade está a repórter Joy McDonald (Sara Gleeson). Apesar de estar a serviço de Tyneman, ela gosta de Blake, e ele não lhe é indiferente. Após passar-lhe informações sobre o caso, ele é novamente chamado à prefeitura. Dessa vez, é o corpo de Joy que ele encontra. Graças a Jean, ele não se afunda em autopiedade, e encontra forças para continuar a investigação até desvendar o mistério. Ao final, ele conta a Jean sobre seu encontro com a filha. Ela agora tem 23 anos e não deseja ter nenhum relacionamento com seu pai.
Outro belo ponto turístico de Ballarat é seu jardim botânico (Botanical Gardens). Situado no lado oeste do Lago Wendouree, ele tem 40 hectares de área divididos em três zonas. A central, em estilo vitoriano, tem uma fantástica coleção de flores e árvores. As outras duas formam parques, conhecidos como Jardins do Norte e do Sul. O local também tem uma coleção de 12 estátuas em mármore vindas da Itália em 1884 simbolizando temas da mitologia clássica, dispostas em meio a flores e árvores. Na Prime Ministers Avenue, o visitante pode ver bustos dos primeiros-ministros da Austrália em pedestais de granito. Perfeito para um piquenique em família, o local também é palco do assassinato de um homem com várias identidades no episódio Foreign Fields (2×3). Após determinar que a causa da morte foi envenenamento por cianeto, Blake segue uma trilha de pistas misteriosas até chegar a uma funcionária do Historical Society.
Chalie Cousins como o policial Davis
O medo do comunismo mais uma vez ronda os personagens, quando a polícia descobre que a funcionária, Martha Harris (Sibylla Budd), pertence ao partido desde 1943 e cometeu o crime com pílulas, geralmente usadas para o suicídio de agentes capturados. Nessa época, a Inglaterra, os Estados Unidos e a Austrália se esforçavam para expor comunistas e seus planos para abalar a sociedade. Por isso, Charlie questiona Blake sobre sua visita à China. Lawson avisa Blake que tanto a polícia federal quanto o exército têm feito perguntas a respeito dessa visita. Ele não diz nada ao amigo, mas depois revela a Jean que já havia trabalhado para a inteligência. De acordo com o diplomata/jornalista/escritor Gregory Clark, a política externa da Austrália era particularmente hostil à China e ao Japão. No entanto, o crime em si não tem conexões políticas ou ideológicas. O motivo foi passional. Durante a transferência da acusada, Blake faz Charlie refletir sobre uma questão. “Charlie, no momento, a China passa por uma terrível fome. Há revoltas na Malásia, Indonésia e no Vietnã. No entanto, essa mulher assassinou seu amante porque ele foi infiel. O mundo é complicado.”
A morte espreita o doutor de diversas formas em Mortal Coil (2×6), quando a descoberta de um corpo extra em um caixão pouco antes do enterro o leva a uma funerária, onde é aconselhado a pensar nos preparativos de seu próprio funeral. A ideia o assusta, pois recentes exames médicos indicaram um problema grave no seu fígado. Ele imediatamente para de beber, um hábito que se manifesta principalmente nos momentos de estresse. Mas a morte do amigo (o corpo extra), sua doença e a abstinência tornam seu comportamento ainda mais inoportuno, o que leva o sargento Charlie Davis a fazer um relatório a seus superiores em Melbourne. Apesar das reprimendas de Lawson, Blake está certo de que a funerária está por trás do crime, especialmente quando novas evidências o fazem crer na possibilidade do crime se repetir. A belíssima propriedade usada como funerária, é na verdade a casa de chá The Gables. Mas não se apressem em comprar uma passagem para Ballarat, pois a casa localizada na Finch Street East fica em Melbourne.
O passado distante de Blake traz à tona recordações de sua mãe Genevieve Etienne (Miranda Nation) em The Ties of The Past (2×8). Intrigado, ele reflete com Jean no estúdio de pintura de sua mãe, fechado há décadas. “Ela se foi há mais de 40 anos. E de repente, ela está em toda a parte. Agnes Clasby fala sobre ela, alguém tenta roubar uma pintura sua da galeria.” E ele acaba de encontrar uma foto de uma pintura de sua mãe no apartamento da jovem artista Virginia McKay (Tamzen Hayes), assassinada na Art Gallery of Ballarat. Fundada em 1884, ela é a mais antiga galeria regional da Austrália, e fica na Lydiard Street North, número 40. Assim como a maioria dos prédios históricos na cidade, este também resultou da riqueza gerada pela corrida do ouro, época em que os ricos cidadãos de Ballarat acreditavam que uma galeria de arte era um elemento essencial em uma cidade moderna e civilizada.
O assassinato da artista novamente coloca na pauta o tema mulher. Blake chega à triste constatação de que apesar de talentosa, Virginia só era apreciada por sua beleza, sendo menosprezada tanto pelo namorado quanto por seu patrão. A trajetória da pintura de Genevieve também expõe a discriminação, pois a galeria lhe atribui um mero valor decorativo, especialmente por ter sido pintada por uma mulher. A obra de Genevieve também esconde um mistério que leva Blake a descobrir que ela fora pressionada a pôr um fim a sua amizade com um pintor, agora famoso. A conexão deste fato com o crime da galeria é fascinante.
A temporada dois, no entanto, termina com uma notícia nada fascinante. Matthew Lawson é transferido para Melbourne, onde irá enfrentar medidas disciplinares. Aparentemente, ele estava sendo vigiado por seus superiores, que agora o consideram um inconveniente. Sua partida coincide com a morte de um padre em The Sky is Empty(2×9). Devido a um tumor no cérebro, Padre Morton (Ron Falk) começara a revelar segredos de confessionário durante as missas. A bela Sacred Heart Church vista no episódio é na verdade a St Mary’s Catholic Church, localizada nos arredores de Melbourne. Construída em estilo neogótico, ela é um dos exemplos mais notáveis da arquitetura de William Wardell por seguir os antigos princípios eclesiásticos de projetar igrejas paroquiais. Sua construção foi de 1859 a 1871. O substituto de Lawson, o Superintendente-Chefe Douglas Ashby (John Stanton) é um policial linha-dura, que não simpatiza com a mania de Blake de agir como detetive, em vez de limitar-se a seus deveres como médico legista. Detalhe de bastidores: Joel Tobeck (Lawson) saiu da série para atender a compromissos na Nova Zelândia.
Com a terceira temporada conhecemos o belo Lake Wendouree. O nome deriva da palavra aborígene “wendaaree”, que significa “vá embora”. Parece que certa vez, quando um morador local perguntou a uma mulher aborígene o nome do lago, ela respondeu “wendaaree”. Em King of the Lake (3×1), o popular ponto turístico é cenário do estranho afogamento de um jovem e saudável competidor durante uma competição de remo.
Blake corre contra o tempo para decifrar o mistério, pois Ashby afirma que irá dispensar seus serviços se não tiver respostas imediatamente. Mas é Ashby que acaba dispensado em My Brother’s Keeper (3×2) após se aposentar. Com sua saída, a coleção de Blake ganha mais um inimigo. O novo Superintendente-Chefe, William Munro (Craig Hall) chega disposto a destruir Blake.
Superintendente-Chefe William Munro (Craig Hall)
Suas intenções ficam claras em By the Southern Cross (3×4) enquanto a polícia investiga a morte de um líder estudantil, após uma confusão ocorrida no dia da Eureka Stockade, celebrado em 3 de dezembro. A polícia é chamada a intervir no que lhes parece uma manifestação subversiva de sindicalistas. Mais uma vez, ideologias opostas – capitalismo e comunismo – se chocam, especialmente quando fotos de Mattie sendo levada pela polícia aparecem no jornal do dia seguinte. Uma manobra dos sindicalistas para constranger o Ministro da Indústria e Comércio, Martin O’Brien, mostrando sua filha Mattie como se fosse uma comunista. E a tensão aumenta em um jantar no Old Colonists’ Club. Munro provoca Blake perguntando sobre sua visita à China e Mattie enfrenta seu pai, defendendo um amigo que é comunista. Em 1884, a Eureka Stockade foi marcada pelo descontentamento dos mineiros com os preços das mercadorias e o tratamento injusto. O conflito durou três anos graças à desobediência civil, a comícios e delegações em várias minas de ouro. Entre as reivindicações dos mineiros estavam o direito ao voto, acesso à terra e a diminuição dos impostos. Em 1959, os sindicalistas protestam contra a política migratória, defendida pelo Ministro O’Brien.
Em Women and Children (3×6), não fica dúvida de que Munro veio para destruir Blake, pois declara estar em condições de prejudicar os amigos mais leais do doutor. Assim, ele pressiona Charlie, intercepta cartas entre Blake e sua filha na China, e a seguir ameaça a patologista Alice Harvey (Belinda McClory). Para garantir a segurança de seus amigos, Blake decide pedir demissão. Alice retribui o favor, fazendo testes no solo onde Genevieve está enterrada. Há muito, Blake desconfia das circunstâncias da morte de sua mãe. A descoberta de estricnina nas amostras, o faz cogitar a possibilidade de assassinato.
Preocupações à parte, Room With a View (3×7) traz duas gratas surpresas para Blake: primeiro, Lawson retorna. Embora tenha sido rebaixado para Inspetor-Chefe, ele está em posição para deter o superintendente. Segundo, Charlie não estava espionando para Munro e sim para Lawson. E agora eles têm provas do envolvimento do superintendente em atividades ilícitas. Tudo isso acontece enquanto investigam um assassinato no The Royal Cross Hotel. O prédio que serviu de sede para o hotel é a mansão Rupertswood, construída em 1874 nos estilos vitoriano e bizantino por Sir William Clark como residência para sua família. A propriedade fica em Melbourne e atualmente serve de administração para a universidade Salesian College.
A temporada chega ao fim com revelações perturbadoras sobre a mãe de Blake. Tudo começa com a morte do magistrado Neville Franklin (Phil Lehart) em Darkness Visible(3×9). A causa da morte: envenenamento por estricnina. Encontrado na cena do crime, Edward Tyneman (Lee Beckhurst) é o principal suspeito. Porém, embora pareça improvável, Blake acredita que as mortes de Franklin e de Genevieve estejam relacionadas. Quando o pai de Edward, Patrick Tyneman, lhe pede ajuda, é sua oportunidade para buscar pistas na casa maçônica de Ballarat. O templo maçônico Collingwood United Masonic Temple, em Yarra City, que fica nos arredores de Melbourne, foi utilizado nas filmagens do episódio. Construído entre 1928 e 1929, ele é uma composição eclética de elementos do neoclássico.
As suspeitas de Blake não apenas se confirmam, mas também revelam o envolvimento de Munro no caso. Essas duras descobertas são acompanhadas de outro drama pessoal: Jean está de partida para Adelaide, onde irá cuidar de seu neto recém-nascido.
Muitas mudanças chegam com a quarta temporada. Matthew Lawson, que fora promovido a Superintendente-Chefe, é substituído por Frank Carlyle (Rodger Corser) após sofrer um acidente, Mattie está de partida para Londres, Jean está de volta e Blake decidiu pedí-la em casamento. Sob o comando de Carlyle, Blake tem carta-branca para agir. Seu primeiro caso com o novo superintendente-chefe em Golden Years (4×2) envolve o aparente afogamento do empresário Reg Foster (David Cormick), cujo novo projeto é o Gold Rush Park. A produção buscou a inspiração para o parque em Sovereign Hill, um museu a céu aberto, que recria os 10 primeiros anos de Ballarat após a descoberta de ouro em 1851, sendo um dos mais populares pontos turísticos da Austrália. Ele foi aberto ao público em novembro de 1970. Entre maio e setembro do ano passado, o local celebrou a série com uma exibição que levava o visitante aos bastidores da produção. Ela era dividida em duas partes, uma abordando o elenco e a equipe técnica, e a outra, as locações.
O pedido de casamento precisa ser adiado quando Blake e Jean são surpreendidos pela chegada inesperada de Mei Lin (Ling Cooper Tang), a esposa supostamente morta do doutor. À medida que tenta reorganizar sua vida, Blake é lentamente envolvido em uma teia de intrigas, no meio das quais estão Mei Lin e seu antigo amigo, o Major Derek Alderton. Ele começa a desvendar este mistério em For Whom the Bell Tolls (4×7), quando um homem morre ao cair da torre do corpo de bombeiros. As instalações vistas no episódio foram construídas em 1860 na Sturt Street e ficaram em funcionamento até 1980. Agora o prédio é essencialmente, um museu. A torre, da qual Blake quase cai e de onde a vítima foi empurrada, foi projetada pelo arquiteto Henry Caselly e construída em 1864. Este posto de bombeiros é um dos poucos remanescentes do século 19. Chama a atenção a forma como a alvenaria foi aplicada tanto como elemento estrutural, quanto decorativo.
O episódio final da temporada quatro aumenta a tensão entre Blake e Alderton, pois em The Visible World (4×8), ele já sabe que o major tem chantageado Mei Lin para forçá-lo a voltar à ativa. Blake decide ter uma conversa definitiva com o major, mas o encontro no Observatório acaba com a morte de Alderton durante um eclipse solar total. Entre os vários suspeitos, Blake. A solução do caso está no próprio observatório. Situado no Mount Pleasant, ele foi aberto no dia 11 de maio de 1886, graças à generosidade do empresário local James Oddie.
O episódio deixa no ar uma pergunta que seria respondida somente um ano e meio depois, com a estreia da quinta (e talvez última) temporada. Blake foi adiante e pediu Jean em casamento? Desde 17 de setembro, os fãs estão acompanhando este e muitos outros mistérios, que os levam a relíquias do passado, como The George Hotel, Mechanics Institute, Regent Cinemas, Arch of Victory, Reid’s Guest House e, logicamente, a casa de Blake. As externas são da antiga casa do renomado muralista Napier Waller e sua esposa Christian, construída em Banyule, nos arredores de Melbourne, nos anos 20. Infelizmente, o custo de transportar toda a produção para Ballarat é muito alto, por isso os interiores são filmados em Melbourne, bem como algumas externas, utilizando locais parecidos com Ballarat. Durante a pré-produção, uma equipe visita as locações para escolher os locais. Entre os itens que eles consideram estão, por exemplo, orçamento, acessibilidade e a condição do local.
Sobre o futuro da série, McLachlan se mostrou otimista em uma entrevista ao jornal de notícias e entretenimento News.com.au, na edição de 16 de setembro deste ano. “Nesse momento, eu só posso dizer que, assim como Lucien é hábil resolvendo mistérios, acho que George (Adams, criador da série) e eu também conseguiremos resolver este mistério.” O ator está em condições de fazer tal declaração, pois tornou-se produtor associado na terceira temporada. Se depender do público, a série continuará explorando a história da Austrália, chamando a atenção, como tem feito, para assuntos sérios, como o racismo aborígene (This Time and This Place), ou leves, como a chegada do rock ’n’ roll (The Food of Love). Embora a série não seja apresentada no Brasil, é possível adquirí-la em DVD no mercado internacional.
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