Star Trek Continues – Finalizando a Missão de Cinco Anos
Por Flávia Furquim
Como se sabe, Jornada nas Estrelas/Star Trek é uma franquia longa e próspera há mais de 50 anos tanto na TV quanto no cinema. Não se passou nem uma década sem que pelo menos uma de suas versões estivesse no ar ou disponível para o fãs, isto desde sua estréia, em 1966.
Como também se sabe, nem sempre a série foi um sucesso. Ela lutou com a baixa audiência nos primeiros anos e foi salva graças às habilidades de divulgador de Gene Roddenberry, que soube se conectar com os fãs e, juntos, salvaram o programa de ser cancelado ainda no segundo ano. Também foram eles que, posteriormente, a consagraram quando esta começou a ser reprisada.
Roddenberry também estimulou a venda de produtos agregados, material referente à série. Este comércio disponibilizou artigos tais como uniformes, fêisers e comunicadores, miniaturas e manuais da Enterprise, da Federação, mas também fotografias, roteiros, compêndios, vídeos com os famosos erros de gravação e informações sobre bastidores e produção, tanto do ponto de vista da equipe quanto da parte técnica.
STC: cenário de What Ships Are For |
A mobilização dos fãs passou a ser um fenômeno à parte. Eles se reúnem em convenções, fantasiam-se de seus personagens favoritos, organizam fãs-clubes, produzem fanzines, escrevem romances (fanfic) e histórias em quadrinhos. E, com a chegada da era digital oferecendo acesso à tecnologia de qualidade e uma plataforma para disponibilização, a Internet, uma nova forma de homenagear a série ficou ao alcance dos trekkers: escrever e produzir episódios inéditos.
Entre as muitas produções disponíveis no Youtube, uma chamou minha atenção: Star Trek Continues, uma websérie que recria o universo da série clássica, com fãs interpretando os mesmos personagens e vivendo novas aventuras a bordo da USS Enterprise. Assim que passou o estranhamento de ver personagens tão conhecidos com rostos e vozes diferentes, eu comecei a ter a sensação de que estava assistindo episódios perdidos da série original. Pesquisando na web, descobri que não sou a única. Muitos fãs da clássica têm esta mesma sensação.
O responsável pelo projeto é Vic Mignogna, ator e músico com um extenso currículo de dublagem de vídeo games e animes. Após dirigir o episódio The Price of Anything, da série de fãs Starship Farragut, Mignogna decidiu realizar seu sonho de dar uma continuidade à missão de cinco anos da série clássica, que havia sido interrompida com o cancelamento.
Cenário de Star Trek Continues |
Em parceria com a equipe da Farragut, alugaram um espaço e recriaram o cenário de acordo com as especificações originais, disponíveis na Internet. Ele foi reconstruído centímetro a centímetro, mesmo tamanho e proporções e com uma espetacular atenção aos detalhes, tais como alguns objetos de decoração do alojamento de Kirk (uma estatueta e o espelho). Este grau de fidelidade é a primeira coisa que demonstra a seriedade do projeto. E este foi o primeiro passo.
O dinheiro para o material veio do bolso de Mignogna. Após criarem algumas vinhetas, e depois do sucesso dos primeiros episódios, a equipe utilizou crowdfunding entre os fãs para financiar o restante da produção dos 11 episódios filmados, disponíveis no site Star Trek Continues e no Youtube, em alta qualidade e com legendas em inglês, português, espanhol, italiano, francês, russo, alemão, catalão, croata, húngaro e tcheco.
Mas obter cenários precisos por si só não bastaria para garantir a grande verossimilhança com a Jornada nas Estrelas que nós conhecemos. Uniformes, acessórios e objetos de cena podem ser obtidos facilmente, e com observação e pesquisa, se recriam os penteados e maquiagem característicos da década de 1960.
Mas Mignogna estava atento a todos os detalhes, tais como iluminação e ângulos de câmera. Na época, por causa da baixa definição dos televisores, havia diálogos inteiros em close-up ou com planos até a cintura. Eu sempre senti que isto aproximava os personagens do telespectador, como se estivéssemos participando da conversa. Já para os efeitos especiais, buscou-se evitar o uso do CGI e realizar cenas da maneira como se fazia na época, sempre que possível.
Outro detalhe lembrado é a trilha sonora. A música incidental de Jornada nas Estrelas é parte fundamental da atmosfera dos episódios. Embora ela também esteja ao alcance dos fãs, já há muito tempo, Mignogna não se limitou a introduzir trechos tirados diretamente das gravações originais. Como músico, ele valoriza a sincronização da música com a ação.
Assim, na sua edição, ele eliminou e/ou acrescentou compassos para encaixá-la perfeitamente com as sua cenas, alterou andamentos, acelerando ou desacelerando conforme a necessidade, acrescentou digitalmente instrumentação adicional e mudou a tonalidade de alguns trechos para criar continuidade entre os temas musicais.
Mignogna, Stinger, Doohan, Huber, Specht e Imahara |
Mas alguns episódios (Come Not Between the Dragons, Divided We Stand, The White Iris e To Boldly Go Parte II) receberam um tratamento mais especializado: uma orquestra de fãs se reuniu para executar a trilha sob a regência de Andy Farber, professor da disciplina de Arranjos em Jazz na Juilliard School of Music e integrante da Jazz Orchestra do Lincoln Center.Ele também compôs material novo, mas inspirado nos temas clássicos.
Estão no elenco o próprio Mignogna, como o Capitão Kirk e Todd Haberkorn como Spock. O Dr. McCoy foi interpretado por Larry Nemecek nos episódios 1 e 2 e depois por Chuck Huber, e Chris Doohan, filho de James Doohan, recriou o papel do Sr. Scott. Temos ainda Grant Imahara, como Sulu, Kim Stinger, como Uhura e Wyatt Lenhart como Chekov. Mas uma nova personagem foi criada para integrar a tripulação da nave. A Dra. Elise McKennah (batizada assim em homenagem à personagem de Jane Seymour em Em Algum Lugar do Passado/Somewhere in Time), interpretada por Michele Specht, é a conselheira da USS Enterprise. Kipleigh Brown é a Tenente Smith, Cat Roberts é a Tenente Palmer e Steven Dengler é o Tenente Drake.
Atores conhecidos aceitaram participar sem remuneração, tais como John de Lancie, Michael Forest, Lou Ferrigno, Colin Baker, Jamie Bamber, Anne Lockhart, Erin Gray, Clare Kramer, Nicola Bryant e Cas Anvar entre outros. Marina Sirtis, Michael Dorn e Jason Isaacs emprestaram suas vozes para o computador da Enterprise, o computador da nave no universo espelho e como um dos psiônicos, respectivamente. Amy Rydell, filha de Joanne Linville, reprisou o papel de sua mãe como a Comandante Romulana em The Enterprise Incident.
Outras pessoas ligadas à história de Jornada também fizeram cameos ou contribuíram nos bastidores, tais como Rod Roddenberry, filho de Gene, Bobby Clark (que interpretou o Gorn, em Arena), ou Craig Huxley, que interpretou o sobrinho de Kirk em Operation:Annihilate! e uma das crianças em And The Children Shall Lead. Como músico, Craig patenteou um instrumento de alumínio chamado de Blaster Beam, que foi usado por Jerry Goldsmith para a trilha sonora de ST: The Motion Picture, por James Horner para ST: The Wrath of Khan, e por Robert Prince para o episódio Spaced Outda terceira temporada de A Mulher Maravilha/Wonder Woman.
Mas o que torna Star Trek Continues realmente especial são os roteiros. Como disse Mignogna, muita gente, quando pensa em Jornada nas Estrelas, se lembra da nave, dos efeitos especiais, das tecnologias futuristas, o triunfo da ciência moldando o futuro da humanidade, das cenas de ação, luta física e batalhas espaciais, das raças alienígenas, Klingons, Romulanos, das cenas românticas, as mulheres sensuais, do destino trágico dos redshirts/camisas vermelhas, e por aí vai.
Ainda que tudo isto faça parte daquilo que a série representa, não se pode esquecer que esta parte sempre foi apenas a roupagem. O verdadeiro espírito de Jornada nas Estrelasé a história que estimula o debate, a reflexão sobre temas sociais, políticos, éticos, morais ou filosóficos apresentados sob diferentes pontos de vista, quase sempre sobre situações ou questões relevantes em sua época.
McCoy, Kirk e Spock |
A série original surgiu e foi produzida na tradição iniciada por Rod Serling e seus contemporâneos, que produziram Além da Imaginação/Twilight Zoneutilizando a fantasia e a ficção científica para abordar temas atuais e que costumavam ser censurados na TV dos anos de 1950. Com o passar do tempo, fãs, e até mesmo produtores, parecem se identificar mais com a roupagem do que com o conteúdo, a história a ser contada.
Há quem argumente se a Jornada clássica não estaria conduzindo opiniões ao invés de simplesmente mostrar um debate, construindo o enredo para que o público concorde com desfecho proposto. Se comparada com outros dramas da época, pode-se chegar a esta conclusão.
O didatismo na TV vem desde a década de 1950, quando se procurava “educar” o público com soluções prontas e adequadas ao American Way of Life. Mas o movimento do “politicamente correto” só começaria a se cristalizar a partir da década de 1980 e já é possível detectar sua influência nos roteiros de JNE: A Nova Geração.
Acontece que Jornada clássica é uma utopia sobre um futuro positivo. Ela necessariamente assume uma posição condizente com a sua mensagem, mas o faz mostrando os pontos de vista de ambos os lados de um confronto. E, se não é um drama puramente de debates, também não pode ser considerada somente entretenimento.
O elemento de capa-e-espada, o humor e o romance podem ser o meio perfeito para levar o debate e a reflexão a um público bem maior, que não estaria primeiramente interessado em sentar-se frente à TV, após um dia cansativo de trabalho, e assistir discussões filosóficas sobre a vida.
Tudo isto precisou ser levado em consideração na hora de tomar decisões relativas a este projeto. O objetivo era dar continuidade à série clássica e servir de elo entre ela e os filmes do cinema e versões mais recentes da franquia, e é este objetivo que norteia a equipe na hora de tomar decisões estilísticas e de roteiro. Por exemplo, o formato narrativo e o estilo de atuação são os mesmos da década de 1960.
STC: Pilgrim of Eternity |
Quando perguntado se, ao interpretar Kirk, Mignogna faz sua versão do personagem ou se interpreta William Shatnerinterpretando Kirk, ele deixa bem claro que, para criar a ilusão de continuidade, é preciso que os trekkers reconheçam o capitão tal como ele era na versão original. O mesmo, é claro, se aplica a todos os outros personagens.
Houve também um cuidado especial a ser tomado. A série e seus atores foram parodiados e satirizados por muitos comediantes, ainda que carinhosamente, como fãs que também são, mas Mignogna sentiu que precisava exercer um certo limite na imitação para que não parecesse caricatura. Filho de pais separados, o ator tem Shatner como figura paterna em sua memória afetiva e, como ator de animes, participando de convenções, conheceu pessoalmente e fez amizade com ele. Deseja, portanto, respeitar o legado destas atuações. Mas, acima de tudo, deseja que sua produção seja levada a sério.
Do ponto de vista da história, já no primeiro episódio vemos Kirk experimentando uma versão primitiva do holodeck. A personagem da Dra. McKennah é introduzida como participante de um programa experimental para a função de conselheiro de naves estelares. A decisão sobre a existência desta função dependerá do relatório de Kirk e sua opinião sobre se ela é relevante ou mesmo necessária.
Outra questão que surge para quem quer conectar duas versões de uma história separadas pelo tempo é a necessidade de buscar elementos semelhantes na construção do roteiro. Isto foi feito no cinema, com a retomada do personagem de Ricardo Montalban em A Ira de Khan/The Wrath of Khan, mas também em vários episódios de JNE: A Nova Geração/ST:The Next Generation e se repete, sempre que possível, em todas as novas versões da franquia.
Assim, no primeiro episódio, Pilgrim of Eternity, Michael Forest reprisa seu papel como Apolo em Who Mourns for Adonais?. O envelhecimento físico “precoce” do personagem é o ponto de partida para a ação desta aventura que acontece apenas dois anos depois dos eventos originais. Há cenas inspiradas em Charlie X e ST:The Motion Picture.
STC: Lolani |
Em Lolani, a Enterprise encontra um sobrevivente de uma nave Telarita e surge uma discussão ética sobre seu destino. Cenas inspiradas em Space Seed. Fairest of Them All retoma o universo espelho de Mirror, Mirror, e dá seqüência à proposta de Kirk ao Spock do universo paralelo (com o detalhe de reproduzir a conversa final entre os dois vista no episódio da clássica). Em The White Iris, Kirk é assombrado por fantasmas de seu passado enquanto um planeta aguarda ajuda da Federação para se proteger de uma grande ameaça. Personagens de vários episódios reaparecem para compor a história. A dificuldade de Kirk de tomar decisões também conecta o episódio com Enemy Within.
Divided We Stand é um episódio épico que traz uma aventura no passado histórico da Terra. Kirk e McCoy estão aprisionados no tempo enquanto uma infestação alienígena ameaça a nave.Em Come Not Between The Dragons, uma criatura atormentada invade o casco da nave e coloca a tripulação em alvoroço em sua perseguição. O episódio pode ser relacionado a um fenômeno atual muito comum nas redes sociais hoje em dia. Grande participação feminina. Embracing the Winds discute um dilema ético já presente na série antiga. Enquanto tenta explicar o motivo de algumas incoerências da série clássica, cria alguma controvérsia própria. A Enterprise é enviada numa missão aparentemente rotineira enquanto Kirk é chamado a uma base estelar para decidir sobre uma questão que pode ter implicações diplomáticas para a Federação.
Em Still Treads the Shadow temos um episódio seqüência ao episódio The Tholian Web. A Enterprise descobre uma nave perdida com um passageiro improvável. O roteiro é construído a partir de várias referências e/ou elementos de outros roteiros, entre eles, The Deadly Years, Court Martial, Second Chances (The Next Generation) e do filme 2001: Uma Odisséia no Espaço.
What Ships Are For é, na minha opinião, um dos melhores. A idéia para a história veio de uma conversa entre Mignogna e outro colega sobre como muita gente começou a assistir Jornada nas Estrelas em preto e branco. O roteiro, muito bem escrito, mostra ambos os lados de uma questão altamente relevante nos dias de hoje, na melhor tradição da série clássica. Kirk luta para ajudar uma sociedade cujos habitantes possuem uma visão muito distinta de seu mundo isolado. Podemos ver elementos de Let That Be Your Last Battlefield, Miri, A Taste of Armageddon, mas de maneira bastante sutil.
Os dois últimos episódios, To Boldy Go Partes I e II, trazem a conclusão empolgante do projeto e da missão de cinco anos. Para resolver o mistério de uma nave perdida, Kirk deve retornar ao lugar onde tudo começou e enfrentar um adversário incrivelmente poderoso. Uma ponte perfeita para o primeiro filme da franquia no cinema, Star Trek: The Motion Picture.
STC: What Ships Are For |
A despeito das semelhanças propositais, trazidas por estas inúmeras referências, as diferenças são inevitáveis. E não me refiro ao fato de os atores serem outros, imprimindo necessariamente um pouco de suas próprias personalidades e maneirismos. Acontece que mais de 40 anos se passaram entre o último episódio da original, em 1969 e o primeiro da websérie, em 2012. A sociedade evoluiu muito e se encontra em um momento bem diferente. A própria série inspirou muitos pensadores que, por sua vez, modificaram a sua realidade a partir das idéias abordadas no programa.
Como conciliar a questão das mulheres na nave? Se em 1966, colocá-las como parte da tripulação parecia avançado, hoje já não se pode restringi-las às pequenas participações da original. Mas, se ampliarem a participação feminina, não haverá justamente um choque para a sensação de continuidade?
Outra questão interessante é o papel da Federação e de Kirk como fornecedor de soluções. Há quem se incomode com a idéia da Federação dos Planetas ditando as soluções para os conflitos encontrados, numa clara identificação Federação/Estados Unidos. Em JNE: A Nova Geração já há indícios de uma evolução neste pensamento e a primeira diretriz/prime directive de não interferência é interpretada mais rigorosamente do que na série original.
A solução encontrada por Mignogna, ainda que possa suscitar controvérsias, me parece boa. Kirk se encontra em um ponto de crise em sua vida pessoal, questionando suas ações, suas decisões e as conseqüências das mesmas. Em muitos aspectos, é um personagem mais passivo do que o que estávamos acostumados a ver. Isto não é incoerente, se pensarmos que a crise faz parte da vida humana e todos nós, em algum momento, nos encontramos fazendo este tipo de perguntas.
A maioria das séries daquela época não cultivava este tipo de evolução. Os personagens eram o que eram e cada nova história era como se fosse a primeira (ou única). Hoje, este arco é desenvolvido por praticamente toda série dramática, em maior ou menor intensidade. Então, se isto pode não parecer típico da série original, quem nos garante que, se tivesse continuado, não teria caminhado nesta direção? Já havia indicações desta possibilidade em 1969, em episódios tais como Requiem for Methuselah ou Paradise Syndrome.
Uhura, Smith, McKennah e Palmer |
Esta escolha ajudou a minimizar o estereótipo de herói infalível de Kirk, mas também abriu espaço para a participação feminina. A personagem de McKennah também contribui para isto. Se as tripulantes originais seguem mais ou menos na linha da série clássica, esta personagem, por ser nova, não está presa a um passado já conhecido. Sua atitude mais “moderna” pode ser explorada sem receio de criar contradições.
Talvez pareça um pouco moderna demais, por certo. Mas, por ser ela a única, podemos interpretá-la como um daqueles espíritos que surgem de tempos em tempos apontando uma nova direção. E as décadas de 1960 (e 1970, já que esta continuidade teria sido filmada no seu início) estavam cheias de pessoas assim, sonhando com o aparentemente impossível.
A intenção inicial era a de completar a missão em 13 episódios. De acordo com Mignogna, a Paramount decidiu impor limitações a produções de fãs depois que uma das equipes recolheu dinheiro para fazer um longa, viajou para promovê-lo, mas nunca o realizou. Aparentemente, eles usaram o dinheiro para financiar seus salários. Mignogna decidiu não entrar em choque com a empresa, reduzindo o número de episódios do seu projeto. A filmagem dos três últimos aconteceu após esta restrição, mas o dinheiro já havia sido recolhido.
A recepção dos trekkers tem sido boa. Existe inclusive a discussão sobre se os eventos da websérie poderiam ser incorporados ao cânone. De minha parte, concordo sem restrições. O desenvolvimento da história leva a uma transição lógica para o momento em que reencontramos a tripulação em Star Trek: The Motion Picture, desde pequenos detalhes, tais como o uniforme, até o porquê dos personagens terem tomado o rumo que tomaram antes de se reunirem novamente para investigar V’ger.
Alem disso, isto já aconteceu antes. Os prenomes de Sulu e Uhura foram criados por fãs. Vonda McIntyre apresentou o nome Hikaru em seu romance The Entropy Effect e, após ser aprovado por Roddenberry e George Takei, entrou para o cânone em Star Trek VI: The Undiscovered Country. Isto se repetiu quando William Rotsler criou o nome Nyota para o livro Star Trek II Biographies e foi usado oficialmente no filme de J. J. Abrams de 2009.
Então, vale a pena conferir Star Trek Continues? O profissionalismo adotado em todos os aspectos, a paixão com que todos os envolvidos se dedicaram na realização do projeto, a atenção minuciosa aos pequenos detalhes e o desejo sincero de homenagear uma série que tem uma relevância histórica indiscutível são aparentes no resultado final. Os episódios têm qualidade. Como na clássica, alguns são mais envolventes que outros, mas eu colocaria os melhores lado a lado com os melhores da década de 1960 sem pensar duas vezes!
Deixo aqui o trailer dos episódios.
Comentários
Quanto a Star Trek Continues, concordo 100% com sua análise: de fato, alguns episódios flaqueiam lado a lado com alguns dos grandes momentos da série clássica ( Lolanni e White Iris me surpreenderam ). O respeito ao cânone é admirável, necessitou um esforço incrível, já que na tentativa de reproduzir o timing da época é preciso um esforço criativo e uma disciplina na linha narrativa que somente quem é atento aos detalhes percebe. Na verdade, parece que encontramos esses episódios numa cápsula do tempo. Que maravilhosa surpresa.
Seu texto foi extremamente respeitoso ao salientar a grande homenagem que Star Trek Continues é á ao universo ST. Talvez possamos até dizer que o novo Universo Kelvin é uma revitalização sim, mas o fator comercial pesou mais aqui do que em Continues. E isso faz-nos valorizarmos imensamente estes incríveis poucos episódios.
Por favor, se souber algo sobre os scripts dos episódios não filmados, em especial a continuação para A Piece of Action, poste para sabermos mais.
Um grande abraço, vida longa para a Tv Séries!