A Noiva Abominável: Um Estudo em Sherlock


Por Flávia Furquim
Sherlock Holmes é sinônimo de investigação minuciosa, observação criteriosa de mínimos detalhes e dedução numa investigação criminal. As histórias de Arthur Conan Doyle (1859–1930) não foram as primeiras a apresentar a figura do detetive que usa seu intelecto para resolver um mistério. Edgar Allan Poe (1809–1849), com  C. Auguste Dupin e Émile Gaboriau (1832 -1873) com Monsieur Lecoq  já haviam trilhado este caminho e inspiraram Doyle. Mas é Sherlock quem salta para a fama internacional, conquistando leitores em todas as partes do mundo e recebendo milhares de adaptações em todos os veículos de mídia.
Steven Moffat e Mark Gatiss adaptaram com sucesso as aventuras do mais famoso detetive de todos os tempos na série Sherlock, da BBC. O diferencial foi trazê-lo para o início do século XXI. Situá-lo fora da era vitoriana era algo que ainda não tinha sido feito. Uma vez que tantos personagens modernos surgiram nos moldes de Sherlock, seria preciso muito mais dos que apenas nomes, locais e inteligência excepcional para dar à série uma conexão real com o personagem de Doyle.
Conseguiram isso sendo bastante fiéis aos textos originais, utilizando uma história central trazida de um dos romances ou contos, acrescentando referências e excertos de outros e trazendo para o presente todos os pequenos detalhes que constroem personalidade, cenários e roteiros do original. Além disso, como o mundo hoje está cheio de recursos investigativos inexistentes no século XIX, seria preciso que a mente de Sherlock fosse ainda mais brilhante e rápida para que seu carisma como grande detetive permanecesse intacto. Fizeram isso com recursos de câmera que mostram a mente do personagem observando e chegando a conclusões numa velocidade espantosa. A adaptação funcionou e eles alcançaram grande sucesso de público e crítica.
Watson e Sherlock
Depois de três temporadas, tendo firmemente estabelecido Benedict Cumberbatch e Martin Freeman como Sherlock Holmes e John Watson, Moffat e Gatiss retrocederam o relógio, por um episódio apenas, e se puseram a imaginar como seria reinserir estes agora tão modernos personagens de volta à sua época original, o final do século XIX.
A Noiva Abominável/The Abominable Bride teve repercussão dividida. Os fãs hardcore amaram, outros acharam que a história se perdeu lá pela metade, outros ainda rejeitaram completamente. Mas todos concordam num ponto: a modernização foi tão bem-sucedida que, para recolocá-los na Londres vitoriana, não foi necessário alterar quase nada.  Todas as características da série atual foram mantidas e o episódio figura como um estranho portal entre passado e presente. (Seguem spoilers.)
A história inicia com uma recapitulação dos eventos exibidos na série e então passa a mostrar esta versão alternativa no passado. Depois de apresentar o primeiro encontro de Holmes e Watson, salta para frente para mostrar que investigam crimes juntos há algum tempo. Watson publica as aventuras de Holmes na revista Strand.
Ao entrarem no apartamento da Baker Street num dia de inverno, Holmes encontra uma mulher com o rosto coberto dentro de sua sala. Trata-se de Mary Watson (Amanda Abbington), que se disfarça de cliente para encontrar o marido, que nunca tem tempo para ela. É então que chega o Inspetor Lestrade (Rupert Graves) da Scotland Yard com um caso insolúvel para Holmes: uma mulher vestida de noiva, Emelia Ricoletti (Natasha O’Keeffe), atira nos pedestres para depois atirar em si mesma.
Emelia Ricoletti
O mistério começa quando, horas depois de se suicidar, Emelia encontra e mata o marido na frente de testemunhas que a reconhecem. Como ela fez isso? Após uma visita ao necrotério, onde debocha de Anderson (Jonathan Aris), que acorrentou o cadáver numa mesa, e discute com Hooper (Louise Brealey), o médico legista, Holmes parece se desinteressar completamente pelo caso.
Dias depois, encontra Mycroft (Mark Gatiss), seu irmão extremamente obeso, no clube Diogenes e ele informa que está lhe enviando uma cliente, Lady Carmichael (Catherine McCormack), esposa de Eustace Carmichael (Tim McInnerny). Ela conta como seu marido foi ameaçado e como o fantasma de Emelia Ricoletti, a noiva abominável, apareceu em frente a ambos anunciando a morte de Eustace para aquela noite. Holmes e Watson fazem vigília durante a toda a madrugada, mas não conseguem evitar o assassinato. A partir daqui, a história ganha novos contornos e surpreende o público com a revelação de que tudo estava acontecendo dentro da mente de Holmes.
De certa maneira, o roteiro inclui os elementos apresentados em Um Estudo em Rosa/A Study in Pink, fazendo uma ponte com o início da série. O primeiro encontro entre Watson e Holmes é recriado fielmente e a noiva suicida serial killer ecoa os aparentes suicídios provocados pelo serial killer do primeiro episódio.
Temos também a recriação de um diálogo um tanto pessoal entre os dois protagonistas. Em Um Estudo em Rosa, Holmes receia que Watson esteja romanticamente interessado por ele enquanto que aqui, Watson questiona a falta de interesse por relacionamentos íntimos do amigo. No primeiro episódio, Watson atira no assassino, salvando Sherlock no final. Em A  Noiva Abominável, nas Cataratas de Reichenbach, é novamente Watson quem socorre o amigo, salvando-o da morte certa.
Mycroft Holmes
O episódio se desenrola como um mistério gótico, com noivas fantasmas que vagueiam por jardins labirínticos, ameaças de morte e assassinatos em série. O título faz referência a um comentário de Watson em O Ritual Musgrave/The Adventure of the Musgrave Ritual, onde ele menciona Ricoletti e sua abominável esposa. A história é inspirada em trechos tirados de vários livros, tais como As Cinco Sementes de Laranja/The Five Orange Pips e A Faixa Malhada/The Adventure of the Speckled Band, com citações de vários outros.
Mas a função mais importante da história é responder a pergunta que ficou pendente no final do episódio Seu Último Juramento/His Last Vow: como Moriarty (Andrew Scott) conseguiu sobreviver após atirar em si mesmo? Para respondê-la, Sherlock toma um coquetel de drogas e refugia-se em seu “Palácio Mental” tentando resolver um caso em aberto, ocorrido cem anos antes, de uma esposa que volta dos mortos para assassinar o marido e outros homens que praticavam abusos contra mulheres.
Esta informação, inicialmente não revelada para o público até pouco mais da metade da história, faz com que o episódio se desenvolva como uma aventura tradicional de Holmes. Tudo muda quando, depois de encontrar Moriarty, ele acorda ainda dentro do avião que havia embarcado no final do episódio anterior.  Aborrecido, após breves discussões com Mycroft e John, ele volta para “o passado”, ainda sob efeito das drogas, para terminar a investigação.
A narrativa agora vai-se fragmentando, tornando-se mais e mais absurda e onírica. Fantasia e realidade se confundem a partir do recurso do sonho dentro do sonho, que vem sendo bastante apreciado nos últimos anos (Moffat o utiliza em Last Christmas, especial de Natal de Doctor Who escrito por ele). Percebemos isto no momento em que Sherlock “volta para o presente”.
Mary Watson
Enquanto cava freneticamente para encontrar o segundo cadáver, que de acordo com sua teoria, substituiu o de Emelia enquanto ela matava o marido, e que ele acredita que deva estar ali, sua ossada em decomposição começa a se mover e ele “acorda novamente no passado”, mas, desta vez, nas Cataratas de Reichenbach, onde deve reviver sua luta final com seu arqui-inimigo.
Se tudo não passou de uma viagem alucinógena, alguns anacronismos, erros e inconsistências históricas são justificados, mas a história vai perdendo a consistência, pois nada era real. Contudo, Freud e Jung afirmaram que até o menor detalhe de um sonho pode guardar um sentido e que todos os “personagens” são, na realidade, projeções do ego do sonhador. Assim, podemos dizer que o episódio todo representa a mente de Holmes, seus temores, suas dúvidas, seus arrependimentos, suas esperanças. O que vemos não são os personagens mas a visão e os sentimentos de Sherlock em relação a eles.
O tema que costura o enredo é a questão feminista. O assassino é uma mulher. Mary Watson  e sua empregada doméstica Jane (Stephanie Hyam) fazem parte do movimento sufragista. Molly Hooper veste-se como homem para poder exercer a profissão de médico. A Sra. Hudson (Una Stubbs) lamenta não ter nenhuma participação ativa nas histórias publicadas por Watson na revista Strand, sobre as aventuras de Holmes. E Mycroft aconselha Holmes a deixar que o “exército invisível” que os acompanha, as mulheres, e que é simplesmente ignorado todos os dias, vença a batalha que estão travando, porque o exército está certo e eles, errados.
Em contrapartida, o universo e supremacia masculinos são ressaltados nas cenas do clube Diogenes, somente permitido para homens, ou quando Lestrade pergunta se Mary é a favor ou contra as reivindicações sufragistas, quando Eustace Carmichael faz pouco das qualidades de sua própria esposa, Lady Carmichael, e quando Watson exibe um comportamento autoritário típico de um cavalheiro de posses do século XIX, considerando impertinente qualquer manifestação feminina de opinião própria.
Molly Hooper
Mas esta questão feminista é apresentada de um modo um tanto torto. Sufragistas que imitam Sociedades Secretas Americanas (leia-se Ku Klux Kan) e cometem assassinatos? Exército inimigo? Guerra? Gatiss menciona James Barry (1795-1865) em uma entrevista, uma médica-cirurgiã real, que viveu como homem sua vida inteira, tendo seu segredo sido descoberto apenas após sua morte, o que faz com que a presença de Hooper como homem não seja tão fantasiosa. Mesmo assim, é preciso ter em mente que esta retratação distorcida é a visão inconsciente de Holmes.
É preciso contextualizar esta atitude. Seria misoginia um traço de sua personalidade? Na literatura, Sherlock é um homem orgulhoso de seu intelecto. Sua atitude para com todos, homens ou mulheres, é de superioridade, porque ele só admira a força do intelecto. Mesmo sem ser capaz de apreciar as mulheres e fazendo alguns comentários pouco elogiosos sobre elas, Holmes é sempre gentil e cavalheiro ao tratar com o sexo oposto. E é por isso que sempre se refere a Irene Adler como “A Mulher”: ela foi capaz de perceber seu jogo e enganá-lo e, longe de desdenhá-la ou ressentir-se, soube apreciar sua inteligência!
No final do século XIX, a supremacia masculina ainda é vista como natural. As conquistas femininas são esparsas e limitadas. Mas a série se passa no século XXI. E aqui vemos uma das dificuldades da adaptação. O que era natural e esperado há cem anos, hoje é visto como preconceito. Para conectar o personagem moderno com o tradicional, Moffat e Gatiss precisaram manter esta atitude tão característica. Assim, ele é arrogante e um tanto rude, não apenas com as mulheres, mas com todos que não considera tão capacitados quanto ele (o que é praticamente todo mundo).
Na ansiedade para solucionar um caso, usa as pessoas ou age de maneira insensível. Aproveita-se da paixonite de Molly para que ela atenda seus pedidos inconvenientes, finge estar apaixonado por Janine Hawkins (Yasmine Akram) em O Signo dos Três/The Sign of Three, para ter acesso a Charles Augustus Magnussen (Lars Mikkelsen), o vilão em Seu Último Juramento.
Sra. Hudson e Inspetor Lestrade
Isto sem falar na pouca atenção que dá a Sra. Hudson, sua senhoria sempre pronta a quebrar galhos e que, por estar em associação com Sherlock, tem sua vida posta em perigo com certa freqüência. Por causa do passado histórico no tratamento das mulheres por parte dos homens, esta falta de consideração fica mais ressaltada e ofensiva quando o vemos agindo assim em relação às personagens femininas. Fica fácil tachá-lo de sexista.
Analisando sua imersão psicodélica em seu palácio mental, podemos entender um pouco seu inconsciente. Em seu discurso na Igreja, quando revela como os assassinatos foram cometidos, reconhece ter traído, ignorado e mentido para as mulheres em sua vida, muitas das quais o apoiaram em momentos de necessidade, como Molly Hooper, que o ajudou a por seu plano em prática para enganar Moriarty. Será que a imagina como homem por causa de sua dívida de gratidão para com ela, considerando-a igual a ele mesmo?
Outro aspecto pessoal que pode ser observado nesta aventura é a intensa rivalidade com o irmão. Seria devido a um complexo de inferioridade em relação a ele? No sonho, Sherlock pesquisa sobre a “obliqüidade da eclíptica” antes de visitar Mycroft, para não admitir que não tinha conhecimento sobre o assunto e John deduz que estão indo visitar alguém mais inteligente do que ele. Na igreja, Mary pergunta a ele como é se sentir o irmão mais “lento”.
Mycroft parece sentir prazer em humilhar o irmão, resolvendo casos sem sair de sua cadeira e mandando o irmão fazer o trabalho de campo apenas para confirmar suas descobertas. Como uma espécie de “vingança”, a mente de Sherlock o imagina excessivamente obeso, disposto a diminuir seu tempo de vida apenas para vencer uma aposta. Mas seu inconsciente também reconhece que o irmão verdadeiramente se preocupa com ele (ele pede a lista das substâncias que Holmes consumiu, para poder ajudá-lo, se necessário).
John e Sherlock
John está ao seu lado em todos os momentos mas sua presença parece ser ignorada. Holmes, sempre alheio aos seus conselhos, nem percebe sua ausência. No episódio O Banqueiro Cego/The Blind Banker, Sherlock pede a John uma caneta e não se dá conta de que ele não está em casa para entregá-la. Em A Noiva Abominável, não notou que Watson havia se mudado de Baker Street há meses. Mas, internamente, ele reconhece seu valor, sua lealdade e seu companheirismo e, principalmente, sua inteligência, como admite nas Cataratas de Reichenbach, quando o Watson fictício pergunta sobre seu outro “eu”.
Moriarty é sua obsessão. Sua dificuldade em superá-lo deixa-o em estado de suspense, e suas maquinações absorvem toda sua atenção, a ponto de arriscar a vida apenas para solucionar seus enigmas. Admira o intelecto de seu inimigo e não consegue deixá-lo morrer em sua mente. Para isso, precisa de John.
Algumas questões são mais obscuras. Quando pensa ter voltado ao presente, sente uma compulsão para encontrar o segundo cadáver, o que teria substituído Emelia. Isto é ainda mais importante do que  o retorno de Moriarty. Por quê? Se Emelia representa Moriarty, quem seria o segundo cadáver? Seria o próprio Sherlock?
Sherlock e Moriarty
Em O Problema Final/The Final Problem, ambientado em 1891, Conan Doyle mata Sherlock e Moriarty, que caem nas Cataratas de Reichenbach num último combate. Doyle desejava escrever romances históricos. Mas a pressão do público o fez voltar atrás e ressuscitar Holmes, que retorna em A Casa Vazia/The Adventure of the Empty House, ambientada em 1894, e explica a Watson que fingiu sua morte para enganar seus inimigos. Essa história foi contada na série no episódio A Queda de Reichenbach/The Reichenbach Fall e sua seqüência O Caixão Vazio/The Empty Hearse. Nos livros, o corpo de Moriarty não é encontrado, mas sua morte fica estabelecida como tendo de fato ocorrido.
Mas em A Noiva Abominável, o cadáver de Emelia/Moriarty é encontrado e ameaça voltar à vida. As palavras da canção The Maid of the Mill, “Do not forget me… (Não se esqueça de mim)” repetida pela noiva assemelham-se à mensagem de Moriarty transmitida por todos os meios de comunicação: “Miss me? (Sentiu minha falta?)”. Sherlock não consegue esquecer Moriarty mas é o segundo cadáver que consome sua atenção.  Mais do que tentar resolver o mistério do retorno de seu adversário, Sherlock precisa encontrar a si mesmo, mergulhando fundo em seu inconsciente, expulsando os fantasmas de sua própria criação.
Mas o episódio é mais do que tudo, uma grande diversão. O que Moffat e Gatiss fizeram foi brincar com a estrutura do estilo whodunit (quem é o culpado?). O assassino é conhecido, Sherlock abandona o mistério quase no início, desprezando-o como um caso menor e de fácil resolução. As verdadeiras pistas jogadas para o público não são sobre o caso e sim sobre a natureza real do episódio.
De início, vemos a pupila dilatada de Sherlock prenunciando sua viagem alucinógena e, pouco antes de Lestrade chegar para contar sobre o crime, o detetive anuncia que para solucionar um caso, às vezes é preciso solucionar outro, mais antigo; e que precisará mergulhar fundo dentro de si mesmo. No necrotério, refere-se ao cadáver como ele e não ela. As pistas seguem, com Sherlock mencionando “os fantasmas que inventamos para nós mesmos” e Mycroft utilizando expressões modernas em sua conversa, tais como “o vírus nos dados”.
Moriarty em “A Noiva Abominável”
Por isso também o forte uso de metalinguagem reforçando a idéia de uma história sendo contada e não de um desenrolar de fatos. Diálogos afiados referenciam tanto a obra de Doyle como a própria série. A Sra. Hudson afirma que não é um recurso de cena e lamenta que tudo que ela faz é abrir a porta para os convidados e servir chá. Holmes reclama que ele quase não aparece na “história do cachorro” (O Cão de Baskervilles/The Hound of Baskervilles) e Watson afirma que precisou deixar o bigode crescer porque o ilustrador o desenhou assim e ele deseja ser reconhecido; quando Holmes escolhe um chapéu para sair, John insiste que ele escolha o modelo deerstalker, porque, afinal de contas, ele é “Sherlock Holmes”.
Moffat e Gatiss realizaram o feito aparentemente impossível: trazer um frescor e novidade para um personagem super-analisado. Este episódio em particular é um atestado deste sucesso. É verdade que a série recebe também críticas, como, conforme mencionei acima, de ser sexista.
Concordo com as críticas feitas à versão moderna de Irene Adler (Laura Pulver), apresentada no episódio Um Escândalo em Belgrávia/A Scandal in Belgravia. Transformada em uma dominatrix que se deixa enganar por Sherlock por causa de sua atração por ele, e salva no último minuto por seu “cavaleiro de armadura brilhante”, ela é uma personagem mais retrógrada do que a de Doyle, e menos lisonjeira.
Apesar disto, o episódio é bom e bem escrito. E se eles tivessem mesmo criado um Sherlock sexista, o que não acredito que seja o caso, ainda assim, qual seria o problema? Doyle não inventou um personagem sem falhas e não é função da literatura apresentá-los assim. Na verdade, se todos os personagens fossem perfeitos, os enredos seriam muito limitados.
“A Noiva Abominável”
O que a ficção nos apresenta são maneiras de lidar com as imperfeições humanas, como reconhecê-las, como eliminá-las ou como aprender a conviver com elas da melhor maneira possível. O que torna uma obra de ficção bem-sucedida é sua coerência interna e o fato de ter atingido os objetivos a que se propôs.
Por isso, na minha opinião, o maior problema da série não são os defeitos dos personagens, mas a necessidade quase obsessiva que Moffat tem de escrever tramas cada vez mais mirabolantes e fragmentadas, dificultando o acompanhamento.
Além disso, nem todas as histórias de Doyle são sobre crimes hediondos ou criaturas odientas. Não que não se possa escrever sobre este assunto, mas a desagradável mania de transformar todos os personagens em psicopatas perigosos e invencíveis acaba por ser cansativa. Isto enfraqueceu muito a qualidade da série, particularmente a partir da terceira temporada
Mesmo assim, Sherlock é uma série que vale a pena ser conferida. E A Noiva Abominável nos oferece uma boa amostra de todo o potencial que foi muito bem aproveitado pelos produtores do programa, unindo passado e presente, sonho e realidade numa aventura inusitada.


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