GNT Estréia Minissérie The Reagans

Hoje às 22h30 vai ao ar pela GNT o primeiro de dois episódios da minissérie "The Reagans" que, como o próprio nome diz, narra a vida dos Reagans, Ronald e Nancy, do período que cobre suas vidas em Hollywood onde ele era ator, especialmente de filmes classe B, passando pelo período em que foi governador da Califórnia, chegando até Washington, quando Ronald Reagan se tornou presidente dos EUA.

Neste período, sobreviveu a um atentado, promoveu o fim da Guerra Fria, enfrentou o escândalo Irã-Contras, declarou guerra ao uso de drogas, foi criticado por sua postura em relação ao combate à AIDS e foi responsável em nomear a primeira mulher a um cargo na Suprema Corte de Justiça, entre muitas outras questões. A história encerra em 1989 quando ele deixou o gabinete da presidência. No entanto, por ter apenas dois episódios, não esperem que estas questões sejam abordadas. A minissérie tem como base a relação entre Ronald e sua segunda esposa, Nancy.

Estrelada por James Brolin e Judy Davis, a produção deveria ter sido exibida pelo canal aberto CBS nos EUA em 2003. Mas, devido a uma grande polêmica que surgiu em torno da produção, ela foi transferida para a grade do canal a cabo Showtime, associado à CBS. A polêmica iniciou um mês antes de sua estréia na TV, quando informações sobre o roteiro vazou à imprensa e foi publicado pelo jornal The New York Times.

Conservadores sentiram-se ofendidos com a forma como Reagan era retratado, apontado, inclusive, erros históricos. Em defesa da produção, a CBS alegou que seu interesse era mostrar uma história de amor e não política, centrando a minissérie no casamento de Ronald e Nancy. Os conservadores, por sua vez, foram criticados de se posicionar contra a minissérie por ela trazer situações nas quais não retratam Reagan de forma positiva. Tentando evitar problemas com o Partido Republicano, a CBS decidiu transferir a produção para o canal a cabo.

Reagan viveu durante os períodos mais conturbados da história moderna americana. Ao longo dos anos 30 e 40 foi ator em filmes Classe B em Hollywood. Entre os anos 40 e 50, foi presidente do SAG - Sindicato dos Atores de Cinema. Na década de 50, tornou-se garoto propaganda da General Electric, com a qual chegou à TV, participando de séries como "Death Valey Days". Neste período, posicionou-se contra o comunismo, chegando a testemunhar nas audiências organizadas pelo Comitê Anti-Comunista em Hollywood.

Conheceu sua segunda esposa, Nancy, quando era Presidente do SAG. Ela lhe pediu ajuda pois o Comitê a tinha incluído na lista negra, apontada como comunista. Na verdade, tratava-se de outra atriz com o mesmo nome. Divorciado de Jane Wyman que não desejava abandonar sua carreira para acompanhá-lo na política, Ronald casou-se com Nancy.

Democrata, Reagan mudou de partido, tornando-se Republicano aos 51 anos e, mais tarde, governador da Califórnia. Presidente dos EUA por dois mandatos, ele sobreviveu a um atentado, atacou os Sindicatos, lutou contra o comunismo ao mesmo tempo em que promoveu o início do fim da Guerra Fria e um tratado com a ex-URSS para controlar o arsenal nuclear.


Nos aspectos culturais, surgiu durante seu governo os yuppies, jovens que tinham como meta se realizarem economica e profissionalmente até os 25 anos de idade. Sua campanha em resgatar os valores tradicionais americanos fez surgir na TV programas que refrearam as críticas ao governo e as diferenças de classes sociais, embora elas continuassem existindo; estes temas foram o ponto alto nos anos 70. Os valores familiares substituíram as "topical sitcoms" da década anterior, nas quais se discutia preconceitos, questões políticas e religiosas. As comédias passaram a girar novamente nas relações afetivas, pessoais e familiares entre pais e filhos que se amavam e se respeitavam a despeito de qualquer problema, com poucas exceções.

Ainda nos anos 80, quando a AIDS tornou-se pública e a desinformação tomou conta das pessoas, a discriminação imperou tanto por parte do governo quando do público. A postura de Reagan foi dúbia nesta época. Críticos de seu governo afirmam que seu posicionamento e a falta de investimento em uma cura proporcionou o progresso da doença e da discriminação. Em um livro biográfico, escrito por Edmund Morris, que teria servido de referência à minissérie, Reagan teria dito que a doença poderia ter sido "enviada por Deus", em uma referência à "limpenza do pecado". Uma frase em referência à esta opinião teve que ser cortada na edição final da minissérie. Paralelamente a esta questão, a sexualidade de seu filho Ron foi questionada quando ele se tornou bailarino profissional. Atualmente com 50 anos, Ron é Democrata e não defende muitas das posturas de seu pai.

Os produtores Neil Meron e Craig Zadan afirmaram na época da produção da minissérie que todas as informações apresentadas na história foram checadas por pelo menos duas fontes, embora nenhum membro da família de Reagan tenha sido consultado, segundo sua filha, Patti Davis. Até mesmo o ator que o interpreta foi vetado pelos Republicanos, visto que James Brolin é casado com Barbra Streisand, que há muitos anos tece críticas ao partido. Curiosamente, o filho do ator, Josh Brolin, é quem interpreta George W Bush no filme de Oliver Stone, "W".